Publicado 27/06/2024 18:48
Rio - Os ex-diretores das Lojas Americanas, Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali, alvos de uma operação da Polícia Federal por uma fraude de R$ 25,3 bilhões, moram na Espanha e em Portugal, respectivamente, de acordo com as investigações. Ambos são considerados foragidos e tiveram seus nomes incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol.
PublicidadeA PF identificou que Gutierrez, que já foi CEO do grupo, tem endereço em Madrid, na capital da Espanha. Ele possui cidadania espanhola e está na cidade há um ano. Já Saicali se mudou para Portugal, mas ainda não há informações sobre a cidade exata.
Os agentes pretendem conseguir apoio das autoridades espanholas e portuguesas para extraditar os investigados, pois ambos possuem mandados de prisão preventiva em aberto expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio. Com a inclusão dos nomes na Difusão Vermelha da Interpol, ambos viraram procurados internacionalmente. A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores, que somam mais de R$ 500 milhões.
Segundo a Polícia Federal, a operação, realizada nesta quinta-feira (27) para cumprir os dois mandados de prisão e outros 15 de busca e apreensão em endereços ligados a diretores da Americanas no Rio, teve como objetivo esclarecer a participação dos alvos na fraude bilionária, considerada a maior da história do mercado financeiro do Brasil.
A PF descobriu que os investigados cometeram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, em que a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo nos bancos. Além disso, as investigações identificaram fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC) - incentivos comerciais geralmente utilizados no setor -, que eram contabilizados, mas nunca existiram.
Ainda de acordo com a PF, há indícios de que eles cometeram crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada - também conhecido como insider trading -, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados pelas práticas, os ex-diretores podem cumprir penas de até 26 anos de prisão.
A ação desta quinta-feira (27) foi realizada junto com o Ministério Público Federal (MPF) e tem apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além da própria Lojas Americanas.
Procurada, a empresa declarou que confia nas autoridades que investigam o caso e que foi "vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes". A empresa afirmou ainda que "acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos".
A reportagem tenta contato com as defesas dos investigados. O espaço está aberto para manifestação.
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