PF pretende esclarecer participação dos alvos na fraude bilionáriaReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Ex-diretores das Lojas Americanas são alvos de operação contra fraude bilionária
Ex-CEO Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez e diretora Anna Christina Ramos Saicali estão foragidos no exterior e foram incluídos na lista da Interpol
Rio - Os ex-diretores das Lojas Americanas são alvos da Polícia Federal, nesta quinta-feira (27), em uma ação contra fraudes de R$ 25,3 bilhões da empresa. A Operação Disclosure conta com a atuação de cerca de 80 agentes, que cumprem dois mandados de prisão preventiva e outros 15 de busca e apreensão em enderecos no Rio ligados a gestores da companhia. Os ex-CEO Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez e a diretora Anna Christina Ramos Saicali estão foragidos no exterior e foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol pelo Núcleo de Cooperação Internacional.
Segundo a PF, a operação pretende esclarecer a participação dos alvos na fraude bilionária, considerada a maior da história do mercado financeiro do Brasil. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Crimininal do Rio, que também determinou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores, que somam mais de R$ 500 milhões. As investigações que levaram à ação contaram com a colaboração da atual diretoria das Lojas Americanas.
Com apoio da Interpol, os policiais federais buscam a localização exata de Miguel Gutierrez, que tem cidadania espanhola e endereço em Madrid, capital da Espanha, e de Anna Saicali, que estaria em Portugal. O objetivo é conseguir a extradição dos dois.
A Polícia Federal descobriu que os investigados cometeram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, em que a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo nos bancos. Além disso, as investigações identificaram fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC) - incentivos comerciais geralmente utilizados no setor -, que eram contabilizadas, mas nunca existiram.
Ainda de acordo com a PF, há indícios de que eles cometeram crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada - também conhecido como insider trading -, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados pelas práticas, eles poderam cumprir penas de até 26 anos de prisão. A ação desta quinta-feira é conjunta com o Ministério Público Federal (MPF) e tem apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A operação foi nomeada como Disclosure, uma expressão muito utilizada no mercado financeiro e que significa o ato de fornecer informações para todos os interessados na situação de uma companhia, que pode ser traduzido como o ato de dar transparência à situação econômica da empresa.
Procurada, as Lojas Americanas declarou que confia nas autoridades que investigam o caso e que foi "vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes". A empresa afirmou ainda que "acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos". A reportagem do DIA tenta contato com as defesas dos investigados. O espaço está aberto para manifestação.
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