Conversa de Bruno Henrique, do Flamengo, com o irmão Wander, no relatório da Polícia FederalReprodução
Bruno Henrique combinou com irmão para receber cartão contra o Santos; veja a conversa
Jogador do Flamengo foi indiciado por possível manipulação esportiva para beneficiar apostadores
Rio - O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal, nesta terça-feira (15), por ter forçado um cartão amarelo e ter beneficiado apostadores em jogo contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023. Além do jogador, mais nove pessoas foram indiciadas por participação nas apostas.
O relatório de 84 páginas da Polícia Federal foi entregue ao Ministério Público do Distrito Federal, que vai decidir se o atleta se tornará réu. A investigação encontrou troca de mensagens de Bruno Henrique com o seu irmão Wander Nunes Pinto Júnior, dois meses antes do jogo contra o Santos.
"O tio está com 2 cartão no Brasileiro?", perguntou Wander. "Quando o pessoal mandar tomar o 3, liga nós hein", disse após o jogador confirmar que estava pendurado.
"Contra o Santos", respondeu Bruno Henrique.
Bruno Henrique e o irmão Wander começaram a articular o plano em agosto de 2023. Em outubro, uma nova conversa entre os irmãos trata sobre o recebimento do cartão. Em imagens divulgadas pelo "ge", o jogador transfere R$ 10 mil para o irmão.
" Aí lembra a parada que você me perguntou um tempo atrás", perguntou Bruno Henrique.
"Do que?", respondeu Wander, antes da conversa ser interrompida por uma ligação do jogador do Flamengo.
O irmão de Bruno Henrique apostou R$ 3 mil para Bruno Henrique receber cartão amarelo contra Santos, com previsão para ganhar R$ 12 mil. Entretanto, o dinheiro foi bloqueado pela casa de aposta por suspeita. Em conversa com o jogador mais de um mês depois do jogo, Wander explicou a situação.
"No dia que você me deu a ideia do cartão, eu apostei R$ 3 mil para ganhar R$ 12 mil. Só que até hoje eles (a casa de apostas) não pagou, eles colocou a aposta sobre análise e o dinheiro está todo preso lá. Aí estava pensando, me ajuda nessa aí com R$ 10 mil só para resolver minhas coisas até esse dinheiro sair", disse.
Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal, nesta terça-feira (15), por supostamente forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores, contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023. O jogador foi indiciado no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que fala em "fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado".
Além do jogador do Flamengo, também foram indiciados o irmão Wander Nunes Pinto Júnior, Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso. Bruno Henrique e o irmão vão responder por fraude, enquanto o restante por estelionato. Existe ainda um segundo núcleo de apostadores sob investigação, que seriam amigos do irmão do jogador.
O Ministério Público do Distrito Federal recebeu o relatório de 84 páginas da Polícia Federal e deve formalizar a denúncia contra o atacante do Flamengo nas próximas semanas. A expectativa é de que a denúncia possa ser oferecida até o fim de abril ou começo de maio, para que a Justiça do Distrito Federal decida se tornará o atleta réu.
As investigações começaram em agosto do ano passado. Três casas de apostas alegaram movimentações suspeitas relacionadas ao cartão amarelo recebido por Bruno Henrique. Uma delas apontou que 98% de todas as apostas de cartões daquela partida foram direcionadas para o jogador do Flamengo.
Apesar da investigação desde o ano passado, o Flamengo não afastou Bruno Henrique. O caso chegou ao STJD em agosto, mas o órgão alegou que os relatos "não eram suficientes" para a instauração de um inquérito. Agora, a Procuradoria solicitou à Polícia Federal o compartilhamento do relatório.
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