Flamengo promoveu palestra para alertar jogadores sobre apostasDivulgação / Flamengo

Rio - A preocupação do Flamengo com o envolvimento de atletas em apostas esportivas já existia antes mesmo do indiciamento de Bruno Henrique. No dia 27 de março, 20 dias antes do atacante ser indiciado pela Polícia Federal, o clube promoveu uma palestra para os jogadores no Ninho do Urubu para alertar sobre o tema, falando de integridade esportiva, doping e questões disciplinares.
"A ideia foi conversar com o time profissional e a comissão técnica no princípio que a gente chama da educação permanente. Os atletas têm que estar alertas dessas questões que hoje são tão presentes no dia a dia do futebol profissional e também amador. Questões envolvendo integridade esportiva, apostas esportiva, os casos de doping e as questões disciplinares. Então a ideia nossa foi clarear alguns desses pontos com alguns exemplos práticos, claros, reais do que acontece no dia a dia nos tribunais esportivos para que seja uma questão preventiva e não reativa quando o caso já está consumado", declarou na época Marcos Motta, advogado e vice-presidente de administração, que teve a companhia do vice-presidente geral e jurídico do clube, Flávio Willeman, e do advogado Michel Assef Filho.
A palestra durou 50 minutos e deu a oportunidade aos atletas de tirarem eventuais dúvidas. Bruno Henrique, que é suspeito de ter forçado um cartão amarelo em um jogo contra o Santos, em 2023, estava presente.
Na época, o Flamengo chegou, inclusive, a elaborar um código de conduta para alertar seus jogadores. A cartilha também será apresentada a atletas do futebol feminino e da base. O Rubro-Negro quer ser mais rígido em casos do tipo, com o objetivo de evitar danos a imagem do clube.
Bruno Henrique ainda não se pronunciou sobre o caso das apostas, mas compartilhou em suas redes sociais uma arte sobre o jogo contra o Juventude, nesta quarta-feira (16), normalmente usada por atletas que são relacionados para os jogos. Além da imagem, ele citou um versículo da Bíblia, Isaías 41:10, que diz: "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus".
Pelo lado do Flamengo, a posição é de se basear na "presunção da inocência", ou seja, para o clube, Bruno Henrique é inocente, até que se prove o contrário, e seguirá sua rotina normalmente. O Rubro-Negro também alega não ter sido comunicado oficialmente sobre o indiciamento do atleta.

Caso Bruno Henrique

Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal, nesta terça-feira (15), por supostamente forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores, contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023. O jogador foi indiciado no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que fala em "fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado".
Além do jogador do Flamengo, também foram indiciados o irmão Wander Nunes Pinto Júnior, Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso. Bruno Henrique e o irmão vão responder por fraude, enquanto o restante por estelionato. Existe ainda um segundo núcleo de apostadores sob investigação, que seriam amigos do irmão do jogador.
O Ministério Público do Distrito Federal recebeu o relatório de 84 páginas da Polícia Federal e deve formalizar a denúncia contra o atacante do Flamengo nas próximas semanas. A expectativa é de que a denúncia possa ser oferecida até o fim de abril ou começo de maio, para que a Justiça do Distrito Federal decida se tornará o atleta réu.
As investigações começaram em agosto do ano passado. Três casas de apostas alegaram movimentações suspeitas relacionadas ao cartão amarelo recebido por Bruno Henrique. Uma delas apontou que 98% de todas as apostas de cartões daquela partida foram direcionadas para o jogador do Flamengo.
Apesar da investigação desde o ano passado, o Flamengo não afastou Bruno Henrique. O caso chegou ao STJD em agosto, mas o órgão alegou que os relatos "não eram suficientes" para a instauração de um inquérito. Agora, a Procuradoria solicitou à Polícia Federal o compartilhamento do relatório.