Reunião identificou dificuldades, necessidade e serviços exploradas nas comunidades alvosDivulgação/Governdo do Estado
Publicado 16/07/2024 12:02 | Atualizado 16/07/2024 20:59
Rio - Uma reunião entre o Governo do Estado, concessionárias e operadoras de telecomunicações, nesta terça-feira (16), definiu o planejamento da atuação para a regularização do fornecimento de serviços em comunidades da Zona Oeste. O encontro aconteceu na base do Barra Presente, na Avenida Ayrton Senna, e faz parte da Operação Ordo, que pretende asfixiar financeiramente as organizações criminosas que exploram setores como energia, gás e internet, nas regiões que vivem uma disputa de territórios entre traficantes e milicianos. No segundo dia de ação, quatro pessoas já foram presas. 
Publicidade
A reunião foi realizada entre o secretário de Estado de Segurança Pública, Victor dos Santos e as concessionárias Iguá, Light, Naturgy e Oi. O serviço de inteligência da Polícia Civil identificou as dificuldades e necessidades de cada região, além de quais atividades comerciais são exploradas. A Operação Ordo mira as comunidades do Cesar Maia, Cidade de Deus, Fontela, Gardênia Azul, Morro do Banco, Muzema, Rio das Pedras, Sítio do Pai João, Terreirão e Tijuquinha, nos bairros da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Itanhangá, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena. 
Segundo o Governo do Estado, com o território estabilizado pela ação, as concessionárias estão conseguindo retomar as atividades nessas áreas. "Será um trabalho contínuo com o objetivo de asfixiar as quadrilhas que exploram esses serviços ilegais e também proporcionar direito de escolha e segurança para os moradores. A atuação das polícias ostensivamente nesta região vai garantir a tranquilidade da população", afirmou o secretário. Santos disse ainda que as disputas territoriais acontecem não mais apenas pelo controle de pontos de drogas, mas por conta da exploração de serviços. 
"Hoje, território é sinônimo de receita, e não mais somente o tráfico de drogas (...) Quem é o líder, quem está comandando, quem está determinando essas guerras, quem está determinando ou autorizando que essas extorsões sejam praticadas à comerciantes? O criminoso que diz que é dono de uma comunidade e permite ou determina que esse tipo de ação seja praticada vai ser responsabilizado. Essa é uma obrigação e um compromisso da Secretaria de Segurança Pública", completou. 
Nove estabelecimentos autuados
Ao longo dos dois dias de ação, a Polícia Civil autuou nove estabelecimentos que causaram um prejuízo à Light estimado em mais de R$ 180 mil por furto de energia. Entre eles estão ferro-velho, mercearia, loja de material de construção, marmoraria e até uma igreja. 
Além disso, a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (Naturgy) já recuperou 46 medidores irregulares na Cidade de Deus. Equipes da Iguá vistoriaram estabelecimentos no Terreirão e na Cidade de Deus com o auxílio da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). Em dois dias, as autoridades policiais constataram fraudes no consumo de água em oito estabelecimentos.

Segundo dia de megaoperação
De acordo com o secretário de Estado de Segurança, Victor dos Santos, o segundo dia da megaoperação teve o objetivo de restabelecer os serviços públicos para a população da Zona Oeste e coletar dados de inteligência para combater o crime organizado na região. Segundo o Governo do Estado, em dois dias da megaoperação, 45 pessoas foram presas pelas Forças de Segurança, das quais 38 em flagrante e sete em cumprimento de mandados de prisão. Além disso, seis adolescentes infratores foram apreendidos. 
Boa parte das prisões foi relacionada a crimes contra o patrimônio, como furtos de energia e água, que produzem receita para o fortalecimento financeiro das organizações criminosas e o domínio territorial. Os agentes retiraram 22 toneladas de material usado na construção de barricadas nas comunidades.
Na tarde desta terça-feira (16), um homem, acusado de estuprar uma criança, que era considerado foragido desde 2020, foi preso por policiais do Segurança Presente na Praça Tim Maia, no Recreio dos Bandeirantes. De acordo com o governo, a equipe do Recreio Presente notou uma movimentação suspeita e, ao abordar o homem, os agentes constataram que havia um mandado de prisão em aberto contra ele pelo crime de estupro envolvendo uma menina de 9 anos.
Além disso, o criminoso ainda possui registros por lesão corporal após agredir um padre de uma Igreja Católica no Recreio e por roubo. Ele foi encaminhado para a 42ª DP (Recreio).
Nesta terça-feira, o Detran apreendeu uma motocicleta que utilizava placa de outro veículo, na Estrada do Itanhangá, e o motorista foi encaminhado para a 16ª DP (Barra da Tijuca). Até o fim da manhã, 25 veículos foram autuados e dois carros encaminhados para a delegacia, em abordagens na Avenida das Américas, no Recreio, e na Estrada da Barra da Tijuca, no Itanhangá. 
Na Cidade de Deus, a Divisão de Recapturas cumpriu um mandado de prisão contra Jefferson Moreira Ferreira, expedido em 2020 pelo crime de roubo. Ainda na comunidade, a Delegacia do Consumidor (Decon) encontrou uma tonelada de linguiça com prazo de validade até agosto de 2023 em um açougue. O estabelecimento também comercializava 72kg de peixe com validade ultrapassada. Duas pessoas foram presas em flagrante por crime contra as relações de consumo, sem possibilidade de fiança.
Na Muzema, a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) prendeu um criminoso por tráfico de drogas e corrupção de menores e dois adolescentes foram apreendidos por fato análogo ao crime de tráfico em uma boca de fumo. Um radiotransmissor e quatro celulares, além de um caderno de anotações foram apreendidos. 

Já na Gardênia Azul e em Rio das Pedras, roupas e outros produtos falsificados foram apreendidos pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Os estabelecimentos foram autuados por crimes contra a propriedade industrial e será investigada a ligação com atividades de organizações criminosas. Ainda na Gardênia, agentes fecharam um mercado que comercializava 100kg de produtos vencidos, entre pizzas, laticínios e outros, e duas pessoas foram presas.

Também na comunidade, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) interditou uma oficina na Avenida do Canal do Anil por furtos de água e de luz, poluição (crime ambiental) e falta de licenças. No Recreio, fiscais da Superintendência de Combate aos Crimes Ambientais e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) suspenderam atividades de um estabelecimento de reciclagem que recebia material eletrônico e eletrodoméstico em desacordo com o licenciamento sanitário.

Em Vargem Grande, equipes do Comando de Polícia Ambiental (CPAM) da Polícia Militar identificaram uma construção irregular e uma fábrica de laje sem licença operacional. No local, duas pessoas foram conduzidas à DPMA. O CPAM também realiza patrulhamento nas localidades do Terreirão e Vargens, além do patrulhamento marítimo ambiental no complexo lagunar de Jacarepaguá. Há também equipes no Canal de Marapendi, na Barra da Tijuca, desmantelando construções e embarcações irregulares, com apoio da Capitania dos Portos.
Leia mais