Batalhão de Choque atuou na Cidade de Deus no terceiro dia da operação, que já contabiliza mais de 45 presosDivulgação/Governo do Estado
Publicado 17/07/2024 15:35
Rio - As forças de segurança do Rio ampliaram, nesta quarta-feira (17), os trabalhos da Operação Ordo para mais quatro comunidades: Covanca, Jordão, Santa Maria e Bateau Mouche, que ficam entre a Taquara e a Praça Seca, na Zona Oeste da capital. A ação, que chegou ao terceiro dia, já contabiliza 60 presos, sendo 52 em flagrante, 8 em cumprimento de mandados, além de sete adolescentes infratores apreendidos. Atualmente, são 14 comunidades sendo monitoradas.

"Estamos verificando um êxito muito grande com essa ação. E, exatamente por isso, estamos expandindo e ampliando nosso foco, para que a população dessas comunidades e bairros possam ter de volta o direito de ir e vir. O trabalho de inteligência, integrado entre todos os que formam essa força-tarefa, é fundamental para garantir o bem-estar dos moradores, comerciantes e empresários que investem de forma legalizada nessas regiões", declarou governador Cláudio Castro (PL).
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Nesta quarta, os policiais civis seguiram para as novas áreas a fim de cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão. A atual fase conta com apoio de órgãos e concessionárias de serviços públicos e da Prefeitura do Rio. As equipes miram o transporte clandestino e construções irregulares com o objetivo de mapear os serviços explorados ilegalmente por criminosos e asfixiar financeiramente os grupos que promovem uma guerra na disputa pelo controle de territórios.

"O trabalho de inteligência não para, é 24 horas. Por isso, foi identificada a necessidade de expandir a ação. Nossa ação é 24h, não tem prazo para terminar. Todos os dias teremos atualização no planejamento. O Estado está focado no combate e na asfixia das organizações", disse o Secretário de Segurança, Victor dos Santos.
A decisão de estender o território monitorado foi baseada em informações de inteligência da Polícia Civil e resultou no fechamento de centrais clandestinas de fornecimento de sinal de TV e internet. Parte das prisões efetuadas está relacionada a essas atividades. Agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) prenderam seis pessoas por receptação qualificada. Com elas, foram apreendidos equipamentos de concessionárias como cabos, modens e distribuidor de sinal. As ações ocorreram em três pontos de Jacarepaguá.
No Morro do Jordão, em Jacarepaguá, os policiais estouraram uma central clandestina que funcionava dentro da associação de moradores. A Polícia Civil obteve a informação de que o esquema pagava R$ 80 mil por mês ao tráfico para ter a exclusividade na oferta do serviço na região. Três pessoas foram presas por associação criminosa, pela exploração ilegal do serviço de internet e de TV.

Já no Tanque, também em Jacarepaguá, outras duas centrais foram encontradas e interditadas por fraude no fornecimento desses serviços. Mais três pessoas foram detidas.
Confusão na Cidade de Deus
Agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) atuam, em conjunto, na demolição de construções irregulares e na retirada de entulhos e barricadas, na Cidade de Deus. Somente nos primeiros dois dias de ação, 37 toneladas de obstáculos foram retiradas.
A medida provocou um grande tumulto na região, inclusive com o ex-secretário Municipal de Juventude, Salvino Oliveira, sendo agredido. De acordo com relatos, a confusão teve início após agentes demolirem imóveis comerciais. Os moradores e comerciantes afirmaram que não haviam sido comunicados sobre a derrubada das construções e alegaram que dependiam dos estabelecimentos como meio de sustento.
Houve uma manifestação e a Avenida Edgar Werneck foi interditada nos dois sentidos, por conta de objetos incendiados. O comércio da região também fechou as portas. Em um vídeo que circula nas redes sociais, também é possível ver uma correria na Estrada Miguel Salazar.
O ex-secretário, que também é pré-candidato a vereador do Rio, esteve na Cidade de Deus após saber do tumulto e, quando dava uma entrevista, acabou discutindo com um morador. Nas imagens que circulam nas redes sociais, um homem tenta impedir a briga, mas uma confusão generalizada tem início. Um grupo parece atacar Salvino com o que parecem ser ovos. O político corre para fugir, mas as agressões continuam e ele chega a ser atingido por um spray usado para dispersar a confusão.
Veja o vídeo:
Em seu perfil das redes sociais, o ex-secretário publicou um vídeo ao lado de moradores para esclarecer o episódio. "Quando vi que as coisas estavam fora de controle, entrei no meio para acalmar os ânimos, mas já estava fora de controle. Violência não resolve nada. Ninguém sai ganhando com violência. Estou e estarei sempre ao lado dos moradores da Cidade de Deus. Vou, como sempre, ouvir os dois lados e encontrar uma solução que seja boa para os nossos moradores e pequenos comerciantes", declarou.
Ainda na Cidade de Deus, equipes da concessionária de gás Naturgy, com apoio da Polícia Militar, recuperaram 58 medidores que eram usados irregularmente. Desde segunda-feira (15), agentes da Light vistoriaram 18 estabelecimentos, entre eles ferro-velho, mercearia, loja de material de construção, mercado e igreja. O prejuízo à concessionária com esses desvios chega a mais de R$ 280 mil.
Barreiras contra a ilegalidade também no transporte público

O combate ao transporte ilegal foi outra frente da ação nesta quarta-feira (17). Policiais militares, Detran.RJ, Detro e de órgãos municipais montaram barreiras de fiscalização na Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá; na Estrada do Itanhangá, na Muzema; e na Avenida das Américas, sentido Barra da Tijuca.


Interdição de Ferros-Velhos

Equipe da Operação Desmonte, força-tarefa coordenada pelo Detran.RJ, interditou dois ferros-velhos também na manhã desta quarta-feira (17). Um deles, na Rua Guaxe, na Gardênia Azul. O estabelecimento estava sem licença para funcionar, não comprovou a origem das peças com notas fiscais e também era responsável por produzir poluição ambiental, já que lançava óleo motor diretamente no solo. O comércio foi fechado e o material removido para destruição.
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