Ocupação na reitoria da Uerj, após o anúncio de corte de benefíciosReginaldo Pimenta/Agência O DIA
Publicado 29/07/2024 15:34 | Atualizado 29/07/2024 15:35
Rio - Estudantes que ocupam a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) souberam da reunião para firmar acordo com a instituição através da imprensa, na tarde desta segunda-feira (29). No comunicado aos jornalistas, a reitoria da Uerj disse que convidou os alunos para um encontro às 15h de hoje (29). No entanto, o grupo que protesta contra as mudanças para a obtenção de bolsas e auxílios da assistência estudantil alega que não haverá diálogo até que a universidade dê a garantia de que nenhum aluno seja punido criminalmente ou administrativamente.
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"Esta ocupação possui uma comissão de negociação eleita em assembleia, e com apoio e legitimidade dos Centros Acadêmicos, que têm o dever de representar as pautas dos estudantes. Soubemos hoje, através da Globo, sobre a decisão da reitoria de iniciar uma negociação às 15h, sem antes aceitar as condições colocadas por esta ocupação de não penalização jurídico administrativo de nenhum estudante que tenha participado das legítimas mobilizações, além da não abertura de reintegração de posse", diz um trecho do comunicado do grupo Ocupa Reitoria Uerj.
O grupo diz que essa condição é inegociável para iniciar qualquer tipo de acordo, uma vez que sem garantia jurídica, há risco de que essa negociação se torne um processo de penalização para membros da comissão. "É lamentável que a imprensa tenha sido notificada antes dos estudantes. Se não revogar, não iremos desocupar. Só os estudantes podem decidir o rumo da ocupação", diz um trecho do comunicado.
Às 15h13, a Uerj enviou uma nova nota informando que convidou os estudantes para uma reunião, com o objetivo de conversar sobre a ocupação, mas o convite foi rejeitado.
Está mantido, para às 18h desta segunda-feira (29), um grande ato público no campus do Maracanã, na Zona Norte do Rio. O ponto de encontro dos manifestantes será no portão 5.
Entenda o que motivou a ocupação
A manifestação teve início na sexta-feira (26), após Gulnar Azevedo, reitora da Uerj, mudar os critérios para elegibilidade de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Uma das principais mudanças é a revisão da renda mínima necessária para que estudantes de ampla concorrência possam acessar a Bolsa Auxílio Vulnerabilidade Social (Bavs), com pagamento de R$ 706 por mês, tendo duração de dois anos. Antes, para obter o benefício, era necessária a declaração de um salário mínimo e meio, agora, é só meio salário.
Além disso, também serão feitos cortes no auxílio alimentação e passagem, R$ 300 cada, e redução pela metade no auxílio para material didático, que costumava cobrir o valor de R$ 1,2 mil, conforme as denúncias.
Os manifestantes afirmam que cerca de 5 mil estudantes vão perder os benefícios após a mudança. Eles também denunciam atrasos nos pagamentos. Segundo os alunos, as propostas da atual reitoria, antes de ser eleita, era manter os benefícios.
Durante a manhã desta segunda-feira (29), equipes do DIA estiveram no campus do Maracanã, na Zona Norte, onde a reitoria permanece isolada. "Nossa reivindição é revogação imediata da Aeda, que vai prejudicar principalmente os alunos negros e pobres da nossa universidade. Não tivemos nenhum diálogo com nossa comunidade estudantil, recebemos essa notícia nas nossas férias e desde que começamos a ocupação estamos buscando uma negociação com a reitoria", disse a estudante de história e biologia Carol Santos.
O que diz a Uerj
Em nota, neste sábado (27), a reitoria da Uerj reforçou a importância do diálogo com as entidades representativas dos estudantes para resolver o conflito. "A Reitoria constituiu, na manhã de hoje (dia 27/07), uma comissão de mediação, entendendo que é preciso desocupar imediatamente as instalações da Universidade, para seguir com o diálogo democrático", esclareceu.
A universidade também rebateu acusações de alunos sobre um possível corte de luz na reitoria para inibir a ocupação. "Diferente do que tem sido falsamente divulgado, não houve restrição de luz ou de água no campus. Seguiremos firmes na defesa da integridade das pessoas e do patrimônio de nossa Universidade", finalizou.
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