Publicado 02/08/2024 20:24
Rio - Funcionários da Fiocruz decidiram, em assembleia geral realizada na tarde desta sexta-feira (2), pela greve progressiva nos dias 7 e 8 de agosto. A decisão se deu após o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGISP) não abrir espaço para negociação de reajuste salarial do setor. Na quinta-feira (1º) o grupo realizou uma paralisação de 24 horas.
PublicidadeUm ofício havia sido enviado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) ao Ministério, na segunda-feira (29), pedindo para o governo aceitar o reajuste dos salários dos 4.404 servidores. No entanto, nesta sexta-feira (2), a pasta respondeu ao documento informando que reconhece a relevância e importância estratégica da Fiocruz para o desenvolvimento do país, mas a proposta apresentada na última reunião de negociação é aquela que "permite combinar da melhor forma possível as novas diretrizes de carreiras do MGI com os atuais parâmetros técnicos, jurídicos e orçamentários disponíveis".
Após a negativa, em assembleia, a diretoria da Asfoc apresentou uma proposta de um ato nacional na segunda-feira (5), Dia Nacional da Saúde, seguida de paralisação por 24h no dia seguinte, 6, e uma nova assembleia no dia 7.
Além da greve progressiva, a assembleia aprovou os seguintes encaminhamentos:
- Realização de uma nova assembleia na próxima sexta-feira (9), com primeira convocação às 9h e segunda convocação às 9h30, com local a definir;
- Realização de uma nova assembleia na próxima sexta-feira (9), com primeira convocação às 9h e segunda convocação às 9h30, com local a definir;
- Ato de campanha do Comando de Greve durante a inauguração do memorial da Covid-19, no campus Manguinhos, na próxima terça-feira (6), às 10h;
- Criação de quatro comissões (Representação de categorias, Comando de negociação e articulação, Grupo de pesquisadores e pesquisadores eméritos e Comando de Greve e Paralisação oriundo das unidades espalhadas pelo país);
- Envio de carta ao MGI e tentativa de abertura de negociação direta com o governo;
O presidente da Asfoc, Paulo Garrido, comentou sobre a proposta apresentada pelo sindicato no início da assembleia. "Houve uma proposta apresentada na abertura pela diretoria, de ato público nacional na segunda-feira, paralisação na terça e assembleia na quarta. A diretoria, em esforços de união e concentração, e preocupada com a aprovação e deliberação de uma greve por tempo indeterminado, retirou a sua proposta em apoio à greve progressiva", afirmou Garrido.
- Criação de quatro comissões (Representação de categorias, Comando de negociação e articulação, Grupo de pesquisadores e pesquisadores eméritos e Comando de Greve e Paralisação oriundo das unidades espalhadas pelo país);
- Envio de carta ao MGI e tentativa de abertura de negociação direta com o governo;
O presidente da Asfoc, Paulo Garrido, comentou sobre a proposta apresentada pelo sindicato no início da assembleia. "Houve uma proposta apresentada na abertura pela diretoria, de ato público nacional na segunda-feira, paralisação na terça e assembleia na quarta. A diretoria, em esforços de união e concentração, e preocupada com a aprovação e deliberação de uma greve por tempo indeterminado, retirou a sua proposta em apoio à greve progressiva", afirmou Garrido.
Entenda o impasse
Após um ano de negociação, há um impasse com o Governo Federal, por conta da proposta do MGI, que oferece 0% de reajuste em 2024, 9% em 2025 e 4% em 2026, e foi rejeitada por unanimidade na assembleia dos servidores da Fiocruz. O Sindicato, por sua vez, entende que o correto seria reajuste de 20% nas cinco folhas salariais que faltam deste ano, 20% no próximo ano e 20% no ano seguinte. O Sindicato destacou que dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam uma corrosão salarial entre 59% e 75% nos últimos anos.
"O motivo dessa greve é uma perda salarial que poucas vezes registramos na nossa história. Os servidores estão tendo que entrar em empréstimos consignados, se endividando. As pessoas tirando filhos da creche, cancelando plano de saúde, ficou um momento insuportável", afirmou Álvaro Nascimento, tecnologista da Fiocruz e membro do Comando de Greve.
O servidor ressaltou que a Fundação atua na produção de vacinas e medicamentos, controle de qualidade de saúde, pesquisa biológica e de saúde pública, bem como nos ensinos a nível técnico e de pós-gradução e tem hospitais e centros de saúde que fazem assistência médica. "Nós estamos em uma perda histórica, precisamos recuperar apenas o que nós ganhávamos. Não é aumento, portanto, é apenas um reajuste para voltarmos a ganhar o que ganhávamos (...) O governo tem que nos ouvir, por tudo o que a Fiocruz entrega à população brasileira, nós não aguentamos mais ter essa corrosão salarial", rebateu.
O que diz a Fiocruz
Em nota, a Fiocruz informou que a presidência e uma comissão de diretores, formada a partir do Conselho Deliberativo têm se reunido desde fevereiro com membros do executivo e legislativo "na defesa dos trabalhadores e da importância da tabela remuneratória e de mudanças nas carreiras dos servidores reflita o reconhecimento de todo o trabalho e dedicação à população brasileira".
O que diz o Ministério
O Ministério de Gestão e da Inovação informou que a mesa específica para tratativa das carreiras da Fiocruz é uma das 17 abertas com negociações em andamento. A pasta disse também que segue aberta ao diálogo com os servidores de todas as outras áreas, "buscando atender as reivindicações de restruturação das carreiras de todos os servidores federais, respeitando os limites orçamentários" e que, até agora, já foram 28 acordos assinados com diferentes categorias.
Fiocruz em números
Notória dentro e fora do Brasil por ações como o desenvolvimento e produção de vacinas e por estudos científicos, a Fiocruz tem cerca de 13,5 mil trabalhadores. Em 2023, contou com orçamento de quase R$ 9,6 bilhões.
A instituição publicou 2.030 artigos científicos no último ano e produziu 91,59 milhões de doses de vacinas. Cerca de 300 mil receberam atendimentos de saúde na fundação em 2023. A Fiocruz tem sedes em 11 estados e no Distrito Federal.
A instituição publicou 2.030 artigos científicos no último ano e produziu 91,59 milhões de doses de vacinas. Cerca de 300 mil receberam atendimentos de saúde na fundação em 2023. A Fiocruz tem sedes em 11 estados e no Distrito Federal.
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