7 meses do desaparecimento do Edson Davi. A família faz ato em frente a PF no Centro, pedindo que eles entrem no caso, nesta segunda-feira (05).Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 05/08/2024 17:44
Rio - A família do menino Edson Davi, de 6 anos, que desapareceu em janeiro deste ano na Praia da Barra da Tijuca, realizou no início da tarde desta segunda-feira (5) um protesto em frente à sede da Polícia Federal, no Centro. O objetivo do ato, segundo a mãe Marize Araújo, é conseguir que as investigações para localizar o menino prossigam sob o comando dos agentes federais.
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Cerca de 20 pessoas, entre parentes e amigos, participaram do ato. O grupo levou cartazes, faixas e placas questionando as autoridades sobre a demora na solução do caso. Nas mensagens, a família questiona a linha de investigação que aponta para o afogamento da criança. 

"Nós acreditamos que se trata de um rapto, possivelmente internacional. Não podemos deixar de lembrar, que a pessoa que teve contato com meu filme, nove minutos de ele sumir, foi um argentino. Queremos pedir ajuda à PF para que eles entrem no caso. Sabemos que ainda não é a competência deles, mas queremos que o Estado autorize e passe para a Polícia Federal", disse Marize.
Ela disse que, apesar dos esforços, a PF apenas atendeu o advogado da família para prestar esclarecimentos sobre as condições para a transferência do caso. A mãe explica que a investigação precisa sair da responsabilidade do Estado. 
"A única certeza que eu tenho é que meu filho não foi para o mar, não se afogou. A outra é que nós sabemos que ele foi raptado. Temos já a suspeita de quem tirou ele da praia, mas os envolvidos, não sabemos", disse Marize, que contratou um investigador particular para avaliar o desaparecimento.
"Me sinto como no primeiro dia, com a impunidade, sem evolução. Estou a base de remédio, a base de calmante, adquiri pressão alta. O corpo sente. Minha vida se acabou. Vivo esperando meu filho voltar e me tirar dessa dor. Não sei se ele está vivo, se está morto, se comeu, se está bem. Não desejo isso nem para o meu pior inimigo", afirmou.
Edson desapareceu no dia 4 de janeiro, quando acompanhava os pais na barraca onde trabalham na Praia do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste. Marize tinha levado o outro filho a uma consulta médica. A última vez que ele foi visto foi às 16h46, horário registrado em uma gravação feita por um funcionário da barraca da família.
A mãe afirma que Edson tinha medo do mar e não teria mergulhado. Além disso, cerca de 400 metros da extensão da praia não tiveram imagens registradas nas câmeras de segurança.
"Preciso ter sanidade para cuidar do meu filho menor, da minha filha mais velha, mas também tenho que buscar o Davi. Nem eu sei como tenho tido forças. Vivo como se fosse um pesadelo que ainda não acordei. Eu não deixava meu filho ir sozinho para a rua. Fazia aulinha de futebol. Nós pagávamos uma escola cara para ele. Até o plano de saúde, eu sigo pagando, não consigo cancelar na esperança de que ele volte", comentou.
Apesar da convicção da família sobre o rapto, a Polícia Civil afirma que várias linhas de investigação foram consideradas, sete denúncias apuradas, 21 pessoas ouvidas e que algumas afirmaram ter visto o menino entrando no mar. Em um desses trechos, foi narrado que ele teria, inclusive, pedido uma prancha para usar. 
"A investigação está em andamento na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) para esclarecer todos os fatos, e é acompanhada pelo Ministério Público. No decorrer da apuração, foram analisadas imagens de 13 câmeras de segurança localizadas ao redor da orla, em um perímetro de dois quilômetros. Essas imagens, que estão na posse da Polícia Civil e que a investigação particular não teve acesso, mostram o menino na barraca do pai logo após a partida de futebol. Não há registro de imagens que mostrem ele saindo da praia", informa um trecho do comunicado da Polícia Civil.
Ainda segundo o comunicado, nem todos os casos de afogamento tem corpo localizado. "Entre 2020 e 2024, foram registrados em delegacias 44 desaparecimentos de pessoas nas águas do estado do Rio de Janeiro, e os corpos de 15 delas não foram localizados, ou seja, 34% do total, segundo levantamento da DDPA", pontua.
Por fim, a nota cita trecho dos autos onde laudo pericial aponta que "a decomposição de corpos de crianças no mar ocorre mais rápido do que de adultos, dadas as características do corpo, como maior presença de cartilagens". O comunicado finaliza afirmando que todos os fatos apontam para afogamento: "Não havendo qualquer indício de crime".
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