O corpo do adolescente foi jogado no Rio GuanduReprodução
Publicado 05/08/2024 19:26
Rio - Os cinco acusados de matar Cauã Neres, de 17 anos, por causa de um celular, vão a júri popular nesta terça-feira (5), às 10h30. O jovem foi espancado e morto pelos amigos em um bar em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, em julho de 2022. O corpo do adolescente foi jogado no Rio Guandu, sob um viaduto na Rodovia Rio-Santos.
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Para a mãe da vítima, a manicure Vanessa Neres, de 41 anos, os últimos anos foram de sofrimento e angústia, esperando por uma resposta da Justiça. Gabriel Werneck Guimarães, Gustavo Henrique Frazão Romão, Ricardo dos Anjos Camargo, Jorge Mendes Macedo e Wesley Silva Nascimento Carvalho estão presos e aguardam o julgamento.
"Esses anos sem meu filho têm sido difíceis. Meu pai só vive em uma cama, não sai mais para lugar nenhum, não trabalha... Minha filha estava dentro de um quarto o tempo inteiro, não queria brincar, tinha muita falta do irmão, ela fez oito anos agora. Eu lembro do meu filho todos os dias e lembro de toda a crueldade que foi feita com ele", conta ao Dia
O corpo de Cauã foi encontrado pela Polícia Civil no dia 13 julho, no Rio Guandu, local apontado pelos cinco acusados. Ao longo dos anos, os rapazes passaram por três audiências de instrução e julgamento. Para Vanessa, amanhã pode ser o dia em que essa história vai ganhar um ponto final.
"Eu nem sabia que meu filho tinha amizade com eles. Não eram amigos! Eu fiquei cara a cara com eles, em uma audiência, foi muito triste. O pior de tudo é saber que um deles ainda beijou minha testa depois de ter matado o meu filho. Tem dias que eu não me levanto da cama. Mas amanhã eu vou estar lá e eu vou enfrentar mais essa batalha. E que eu saia com a vitória, que eles peguem a maior pena possível", desabafa.
Vanessa conta que chegou a se mudar de Santa Cruz, já que o lugar a fazia recordar do crime, mas, preocupada com a filha caçula, acabou voltando recentemente para o local. Entre idas e vindas a tribunais desde a morte do Cauã, a manicure conta que a pior parte é reviver todo o crime de novo. 
"Você tem que falar tudo de novo, muito angustiante. É muita angústia! Só essa semana, eu estou tomando remédio quase todos os dias. Isso para poder ficar bem amanhã, porque a crise da ansiedade no sábado [3] veio com força total. Tem gente que vira para mim e fala assim: 'Você é muito forte'. Aí eu falo: 'Não sou forte, eu tenho que ser forte'", finaliza emocionada. 
O crime
Cauã Neres das Chagas foi morto na madrugada do dia 10 de julho, após ir a um bar com os cinco amigos. De acordo com as investigações, um dos integrantes do grupo havia perdido um celular e o adolescente acabou encontrando o aparelho posteriormente, o que levantou a desconfiança dos jovens.
Após isso, o grupo decidiu dar uma lição no adolescente e o agrediu brutalmente, estrangulando-o até a morte. De acordo com o delegado Fabio Luiz Souza, titular da 36ª DP (Santa Cruz) delegacia responsável pelo caso, a decisão de matar Cauã veio do medo do adolescente contar que havia sido agredido.
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