O caso é investigado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi)Renan Areias/Agência O Dia
Publicado 13/08/2024 21:57 | Atualizado 13/08/2024 22:16
Rio - A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) passou a investigar, nesta terça-feira (13), a denúncia de preconceito racial cometido contra a modelo Yanca Ellen, de 24 anos, nas Lojas Americanas do Carioca Shopping, Zona Norte. Essa mesma denúncia foi registrada há um mês na 27ª DP (Vicente de Carvalho), como Crimes do Código do Consumidor, por expor o consumidor ao ridículo. No entanto, para a vítima, trata-se de crime de racismo velado e que precisava de uma atenção maior na investigação.
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Modelo Yanca Ellen, de 24 anos, denuncia caso de racismo em loja da Zona Norte - Reprodução/Rede sociais
Modelo Yanca Ellen, de 24 anos, denuncia caso de racismo em loja da Zona NorteReprodução/Rede sociais
Por isso, Yanca compareceu à especializada, junto com um advogado, para ter suporte e seguir com a denúncia contra um funcionário da loja. "Na 27ª DP foi um descaso total. Inclusive, fui lá com o meu advogado há cerca de duas semanas para pegar as imagens de câmeras de segurança do shopping, mas a gente foi muito maltratado por um policial. O delegado até pediu desculpa por não ter dado tanta importância no dia do caso", disse a modelo ao DIA. Ainda segundo a vítima, na Decradi ela recebeu acolhimento e foi bem tratada durante o registro da ocorrência.
A modelo está reunindo provas, incluindo testemunhas e imagens do circuito interno, para provar que foi abordada de forma constrangedora pelo funcionário. 
Relembre o caso
Yanca, uma jovem negra, denuncia que foi perseguida e humilhada por um funcionário que suspeitou que a mesma tivesse roubado produtos da unidade que fica localizada no Carioca Shopping. O caso aconteceu no dia 12 de julho.
No relato, a modelo conta que entrou nas Lojas Americanas com sacolas de compras e uma bolsa de academia, por volta das 18h. De acordo com a vítima, ela entrou no estabelecimento com o objetivo de comprar itens pessoais, além de pesquisar preços de materiais de papelaria, pois havia se matriculado em uma faculdade. Ainda na loja, ela comprou chocolates e foi embora. Cerca de 50 metros de distância da unidade, um funcionário da empresa a abordou e pediu para revistá-la.
"Fui simplesmente coagida por um funcionário da loja que exigiu para ver as notinhas, pois eu estava com duas bolsas de compras anteriores, de produtos de beleza, e nas Americanas havia comprado apenas um chocolate na promoção de cinco por dez reais", disse Yanca um dia depois do crime, ao DIA.
Mesmo afirmando que não havia roubado nada, o funcionário rebateu que as câmeras de segurança detectaram uma atividade suspeita dela e que precisava verificar todas as notas fiscais das compras anteriores, além de revistar a bolsa. A modelo, então, disse que só mostraria a bolsa na presença de um familiar, e ligou para a irmã.
Enquanto isso, chorando, buscou um segurança do Carioca Shopping, já que estava envergonhada pela exposição. "As pessoas no shopping começaram a tirar fotos e fazer gravações, foi quando ele [funcionário das Lojas Americanas] pediu novamente para ver a minha bolsa", lembrou.
Momentos depois, uma viatura da Polícia Militar chegou ao shopping para verificar o que estava acontecendo. Na abordagem, Yanca Ellen afirma que o seu caso foi tratado com descaso pelos policiais e só recebeu apoio dos funcionários do shopping.
O que dizem os citados
Na ocasião, a Americanas repudiou qualquer abordagem indevida a seus clientes e afirmou que está comprometida com o esclarecimento dos fatos. "A companhia informa que está apurando o ocorrido para tomar as medidas necessárias", disse. O Carioca Shopping lamentou o ocorrido e também disse que está acompanhando de perto a apuração do caso.
A reportagem procurou as Lojas Americanas, nesta terça-feira (13), para saber se houve algum avanço na apuração interna da empresa. 
A Polícia Civil informou, no dia 16 de julho, que o caso foi tipificado como Crimes do Código do Consumidor pelo fato da vítima não ter apresentado no termo de declaração elementos que mostrasse que houve racismo. Também negou que a modelo tivesse sido distratada na 27ª DP.
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