Publicado 21/08/2024 17:30
Rio - Um rádio com frequência da Polícia Militar foi apreendido durante a prisão de um homem, nesta terça-feira (20), em Ramos, na Zona Norte. O aparelho estaria sendo utilizado dentro do Complexo da Maré para monitoramento da atuação de policiais na região.
PublicidadeDe acordo com a PM, equipes do 22º BPM (Maré) prenderam o criminoso durante um patrulhamento na Rua Nossa Senhora das Graças. A corporação informou que os agentes voltaram a atenção para oito motocicletas e, após a abordagem a um dos condutores, foi encontrado um rádio móvel, utilizado em viaturas do próprio batalhão.
O homem foi conduzido com o material e a moto para a 21ª DP (Bonsucesso). Ao DIA, nesta quarta-feira (21), o delegado Álvaro de Oliveira Gomes contou que o rádio poderia estar sendo utilizado por criminosos do Complexo da Maré para monitorar a movimentação de policiais na área. No momento da apreensão, o equipamento estava sendo movimentado para uma comunidade da mesma facção.
"O setor de inteligência do 22º BPM (Maré) conseguiu levantar a informação de que teria um equipamento, não se sabia qual, que os criminosos poderiam estar usando em uma comunidade do Complexo da Maré que permitia que eles pudessem ouvir a frequência. Foi compartilhada a informação conosco e foi feita uma investigação. Ontem, chegou a conclusão de que esse equipamento seria movimentado. A Polícia Militar diligenciou e conseguiu interceptar o criminoso. Ele estava com uma moto roubada, com uma placa clonada e com esse equipamento em uma mala. Ele já tinha passagens por tráfico, por roubos e respondia em liberdade. Quando chegou aqui, ele confessou que ele levasse aquilo dali para uma comunidade da mesma facção", explicou.
O delegado destacou que o objetivo agora é descobrir como o equipamento foi parar nas mãos do tráfico. Uma das hipóteses indica que o material pode ter sido furtado de uma viatura que já estava fora de funcionamento.
"As frequências dos rádios das polícias são codificadas. Você não consegue pegar o seu rádio de casa, um amador e tentar ouvir que não vai conseguir. Nesse, a gente até ligou para testar e realmente ligou com a frequência. É um aparelho rudimentar, com uma caixa de som improvisada, com a parte de cima de um rádio. A gente está apurando, mas pode ser um rádio antigo que estava sendo utilizando em uma viatura antiga, que já foi baixada, e ele pode ter sido extraviado. Pode ter sido alvo de furto. Ainda será apurado como que chegou até o poder dos criminosos, mas a informação que nós tínhamos era sobre esse aparelho pontual. Foi rapidamente apurado, interceptado e recuperado", completou.
Complexo alvo de operação
As Polícias Civil e Militar e a Secretaria de Ordem Pública (Seop) realizaram, nesta quarta-feira (21), o terceiro dia seguido de operação nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, na Zona Norte, para demolição de um condomínio de luxo com 40 imóveis irregulares construído pelo tráfico. Devido a ação, 26 escolas precisaram interromper o funcionamento nas comunidades, afetando cerca de 9 mil alunos.
Até o momento, de acordo com a Seop, já foram descaracterizados 24 prédios, com cerca de 133 apartamentos. Durante a operação foram apreendidos televisões, ar-condicionados, fogão e uma geladeira que estavam em um apartamento de luxo de um dos prédios que está sendo demolido. Nele, também foram encontradas máquinas para a realização da obra como gerador, furadeiras, marteletes, além de um depósito com materiais de construção.
Nenhuma pessoa se identificou como dona dos equipamentos. Todos os itens foram levados para o depósito municipal e poderão ser retirados pelo proprietário, mediante identificação e comprovação de compra.
Ainda na operação, policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque apreenderam, durante patrulhamento no entorno da comunidade Parque União, um rádio transmissor, um giroflex da Polícia Civil, diversos detonadores, placas de veículos e material explosivo. A ocorrência foi encaminhada para a 21ª DP (Bonsucesso).
Ao todo, essa é a quinta fase de ações contra a lavagem de dinheiro do tráfico. Investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) apontam que o Parque União vem sendo utilizada há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas. Os agentes apuraram ainda a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema.
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