El Niño chega ao fim, mas país ainda deve ter ondas de calor no invernoPaulo Pinto/Agência Brasil
Publicado 05/09/2024 15:26
Rio - Bota casaco, tira casaco. Essa tem sido a realidade vivida pela maioria dos moradores da capital fluminense, nas últimas semanas, devidos às variações climáticas. Essas oscilações podem afetar diretamente a saúde dos cariocas, como afirmam especialistas da área da saúde. E, prepare-se! Uma nova onda de calor deve chegar nos próximos dias no Rio.  
Na última semana de agosto, a cidade do Rio registrou, na manhã de segunda-feira (26), 15ºC, a menor temperatura do ano. Na mesma semana, os termômetros chegaram a marcar 35ºC. Até o final desta semana, a máxima alcançará 34ºC e a mínima, 14ºC. Dayane Marques, de 21 anos, mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e afirma estar sofrendo com essa situação.
"É bem ruim essa mudança de tempo repentina, ainda mais que tenho que sair de casa de manhã cedo, quando está mais frio. Isso acaba provocando resfriados, dor de cabeça, etc. Agora, com essa falta de umidade no ar, o tempo parece estar mais seco também, o que torna até um pouco ruim para respirar ao andar na rua. Na minha família, quase todos estão gripados ou resfriados, e temos que nos prevenir tomando xarope e bebendo muita água por causa desse tempo seco", afirma.
Mestre em Ciências Biomédicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Yuri Lyra explica como essas mudanças bruscas de temperatura podem afetar o bem-estar físico dos cariocas. "Quando o corpo humano é exposto a mudanças drásticas de temperatura em curtos períodos, ele pode ter dificuldade em se adaptar rapidamente. Isso pode resultar em uma série de problemas de saúde, como o aumento da incidência de infecções respiratórias, especialmente em pessoas com sistemas imunológicos mais vulneráveis, como idosos e crianças", pontua.

O doutor em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Antonio Carlos Oscar Júnior, conta que o prolongado período de calor no Rio deve acontecer devido a uma massa de ar quente e seca e a um bloqueio atmosférico. A localização geográfica da cidade, entre montanhas e o oceano, pode aumentar essa sensação térmica.
"O que agrava as ondas de calor é a formação das 'ilhas de calor', que são áreas do espaço urbano que ficam mais quentes devido à urbanização, como a construção de edifícios e a pavimentação. A umidade elevada reduz a capacidade do corpo de regular a temperatura através da evaporação do suor, tornando o calor mais desconfortável", analisa.

Essa variação é normal nessa época do ano, na transição do inverno para a primavera, de acordo com a líder do Geoclima (Igeo/UFRJ), Núbia Beray. "Uma coisa importante a ser considerada é que esse período de transição entre inverno e primavera (inclusive, já estamos na primavera meteorológica) é marcado pela ainda significativa atuação de sistemas polares/de sul, mas com um fortalecimento dos sistemas tropicais (mais quentes)", afirma.
Com as altas temperaturas, é importante proteger-se da exposição ao sol, ingerir bastante líquido e procurar um hospital em casos mais graves. É o que aconselha o médico infectologista José Pozza. "É importante sempre se proteger do calor extremo, com ingestão adequada de líquidos e alimentação apropriada. Caso apareça algum sintoma, um médico deverá ser consultado, pois várias doenças podem se manifestar com sintomas semelhantes", finaliza.
*Reportagem da estagiária Mariana Salazar, sob supervisão de Larissa Amaral.
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