A pena da servidora pública aposentada foi revertida para a prestação de serviços comunitáriosReprodução
Publicado 06/09/2024 15:45
Rio - A defensora pública aposentada Cláudia Alvarim Barrozo foi condenada a três anos de prisão por injúria racial. Em maio de 2022, ela chamou um entregador de "macaco" em um condomínio de luxo em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana. O caso envolveu dois entregadores, e a pena foi convertida para a prestação de serviços comunitários e o pagamento de três salários-mínimos a entidades sociais.

Segundo o advogado de defesa, Marcello Ramalho, a sentença desconsiderou provas cruciais que favoreciam Cláudia, incluindo uma perícia que teria demonstrado que a ré foi previamente ofendida. Ele informou que vai recorrer da decisão. 
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"A magistrada, em sua sentença, desconsiderou flagrantemente a prova dos autos que favorecia justamente a tese defensiva, e, além de ter indeferido prova pericial no celular do entregador, utilizado para gravar as imagens, que visava corroborar a versão da acusada que, antes de proferir a palavra 'macaco' no singular, também teria sido ofendida e xingada pelo entregador, Eduardo", disse, por meio de nota enviada ao DIA.
Ramalho disse ainda que ocorreu um cerceamento de defesa durante o processo, e que "a sentença também se mostrou teratológica, na medida em que acolheu pedido de condenação do Ministério Público em relação ao ajudante do entregador, Jonathan Souza Mendonça.
"Em audiência, sob o crivo do contraditório, disse expressamente que a palavra “macaco” não teria sido dirigida contra ele. Ao condenar a defensora nesta hipótese, a juíza prestigiou a responsabilidade penal objetiva, inadmitida no nosso ordenamento jurídico-penal vigente", finalizou.
Em um processo cível anterior, Cláudia também foi condenada a pagar R$ 40 mil de indenização aos dois entregadores, R$ 20 mil para cada, em uma decisão proferida em dezembro do ano passado. A defesa também recorreu dessa condenação.
O juiz Guilherme Rodrigues de Andrade, da 3ª Vara Cível de São Gonçalo, ao proferir a decisão, destacou que "eventual transtorno depressivo da ré não a exime de responsabilidade por seus atos, e a condição de defensora pública deveria levá-la a combater práticas discriminatórias, não a reproduzi-las."
Relembre o caso
No dia 30 de abril de 2022, a Polícia Civil iniciou uma investigação de um caso de injúria racial em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, depois que a defensora pública aposentada agrediu verbalmente dois entregadores em um condomínio de luxo no bairro Itaipu.
Em um vídeo gravado por um dos trabalhadores, é possível ouvir a mulher os chamando de "macacos". Após ela ofendê-los, ela entra em um carro de luxo e arranca saindo do local. Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 81ª DP (Itaipu) como injúria por preconceito.

Claudia foi chamada para ir à 81ª DP (Itaipu) três vezes após o registro da ocorrência, mas, de acordo com o delegado Carlos César Santos, que atuava como titular da delegacia na época, ela não se apresentou em nenhuma das oportunidades, tampouco no período de conclusão das investigações. O inquérito foi fechado e encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) somente com o depoimento das vítimas.
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