Publicado 17/09/2024 12:20 | Atualizado 17/09/2024 13:32
Rio - A crise hídrica que afeta o Rio já apresenta reflexos nos principais reservatórios do estado. O volume de água na Região Hidrográfica do Guandu, que atende 9 milhões de pessoas, vem diminuindo, e o sistema Imunana-Laranjal, que abastece outras 2 milhões, chegou a reduzir a capacidade de operação em 10% nos últimos dias. Nesta terça-feira (17), a produção voltou a aumentar e alcançou 95%.
Segundo o Sistema de Informações Geográficas e Geoambientais (Siga) do Comitê Guandu, a quantidade de água na Região Hidrográfica do Guandu, que abastece a capital e Baixada Fluminense, tem reduzido e, atualmente, o chamado reservatório equivalente está com 67,23% da capacidade. O maior nível registrado em 2024 foi em 12 de abril, quando chegou a 97,40%. Já o menor nível constatado ocorreu em 8 de maio de 2015, durante a crise hídrica, quando registrou apenas 17%.
O Siga do Comitê Guandu explicou que o reservatório equivalente leva em consideração os reservatórios do Rio Paraíba do Sul, principal afluente do estado, que tem suas águas transpostas para a Bacia do Guandu e reservatórios existentes.
Já o Imunana-Laranjal atende os municípios de Niterói, São Gonçalo, parte de Itaboraí, os distritos de Inoã e Itaipuaçu, em Maricá, além da Ilha de Paquetá. De acordo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), neste momento, o sistema opera com 95% da capacidade e o aumento da vazão foi possível após as chuvas registradas nas últimas horas desta terça-feira. Nos últimos dias, a produção chegou a ficar em 90%.
Nesta segunda-feira (16), durante uma reunião com o Gabinete de Crise no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, Região Central, o governador do Rio informou que por conta da estiagem nos rios que abastecem o sistema Imunana-Laranjal, o Guapiaçu e Macacu, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, moradores já sofrem com restrição no abastecimento. Na reunião, Cláudio Castro também citou que um plano de contigência foi elaborado para minimizar os impactos para a população e entre as medidas estão a aquisão de carros-pipa para abastecimento.
Desde a semana passada, segundo a Cedae, os trabalhos de dragagem dos mananciais utilizados para a captação de água para tratamento foram intensificados, junto com a Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e as concessionárias que atuam na região. Também foram instaladas bombas abaixo da Barragem do Rio Macacu para aumentar o volume disponível para tratamento. As ações contribuem para mais estabilidade ao sistema no período de estiagem.
Outras regiões
De acordo com a Companhia, as represas do Sistema Acari (Tinguá, Xerém, Rio D'Ouro, São Pedro e Mantiquira), que abastecem cerca de um milhão de pessoas de parte da Baixada Fluminense, enfrentam estiagem e operam com 50% da média histórica do mês de setembro. As unidades captam água em mananciais menores, em que a disponibilidade depende diretamente do volume de chuvas para garantir a operação total do sistema.
A concessionária Águas do Rio, responsável pela rede de distribuição na região, realiza manobras para direcionamento da água do sistema Guandu, que opera com 100% da capacidade, para as localidades atendidas. Já em Mangaratiba, na Costa Verde, a estiagem reduziu os níveis dos quatro mananciais onde a Cedae capta água para tratamento. Os sistemas de abastecimento que atendem a cidade e parte de Itaguaí, na Região Metropolitana, operam com cerca de 60% da capacidade total, diminuindo o fornecimento de água para os municípios.
A Companhia informou ainda que o sistema de abastecimento de Macaé, no Norte Fluminense, está em estágio de alerta, por conta da redução na disponibilidade hídrica do manancial utilizado para captação e tratamento de água, provocada pela falta de chuvas. O sistema ainda opera com sua capacidade máxima, mas caso a estiagem continue, existe o risco de redução da produção.
A Companhia informou ainda que o sistema de abastecimento de Macaé, no Norte Fluminense, está em estágio de alerta, por conta da redução na disponibilidade hídrica do manancial utilizado para captação e tratamento de água, provocada pela falta de chuvas. O sistema ainda opera com sua capacidade máxima, mas caso a estiagem continue, existe o risco de redução da produção.
"A Cedae monitora frequentemente o nível dos rios (...) A Companhia solicita aos consumidores que usem água de forma equilibrada, adiando tarefas não essenciais que demandem grande consumo", alertou.
Guapimirim decreta estado de emergência
O município de Guapimirim, na Baixada Fluminense, passa pela maior estiagem registrada, que já dura cerca de 40 dias. O Rio Soberbo, afluente que fornece água para a região central da cidade, está com os níveis abaixo do normal, o que comprometeu a captação e distribuição. Por conta disso, a prefeitura editou um decreto emergencial para viabilizar a distribuição de água por meio de carros-pipa. Além disso, a Fontes da Serra, que administra o abastecimento, realiza um esquema de rodízio, intercalando o abastecimento entre bairros e regiões. Confira como funciona ao final.
De acordo com a Prefeitura de Guapimirim, duas mineradores localizadas no município colaboram com a ação, também por meio de carros-pipa. Somente nesta segunda-feira, a prefeitura atendeu 40 chamados para fornecimento de água feitos através da ouvidoria, no telefone (21) 2020-4787. A administração municipal pediu que a população colabore e economize água neste período.
Rio Paraíba do Sul
Dados do Siga Guandu apontaram ainda que, por conta da estiagem no Rio Paraíba do Sul, o Reservatório do Funil, no Sul Fluminense, está com 27,84% da sua capacidade, causando riscos à geração de energia elétrica. Para especialistas, a situação só não é pior porque o estado teve um recorde histórico de chuvas no início deste ano, com 348,9 mm de precipitação somente em janeiro. "É apontado como indispensável que as chuvas de verão encham os reservatórios para o período de inverno, que tem como característica tempo seco e pouca incidência de chuva", diz o Sistema.
Nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) enviou uma carta à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) e ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea), alertando para o risco de desabastecimento de água e os possíveis impactos a partir de eventuais novas transposições do Rio Paraíba do Sul.
A carta de recomendação tem como base a Nota Técnica Impactos de Novas Transposições na Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana – RT-SM-035-2023, elaborada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica da Região do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana. O documento diz que a Seas deveconsiderar de forma detalhada as informações da nota técnica ao decidir autorizar qualquer licenciamento ou obra relacionada à transposição ou alteração da vazão do Rio Paraíba do Sul.
O texto também orienta que sejam realizadas audiências públicas com pelo menos 180 dias de antecedência, garantindo que os municípios afetados sejam devidamente informados. Ao Inea, o MPF reforçou a necessidade de análise da nota técnica antes da aprovação de qualquer projetos relacionados à transposição ou alteração da vazão do rio.
Serviço
Rodízio de abastecimento em Guapimirim
De 0h à 12h: Centro; Paiol; Bananal; Quinta Mariana; Segredo; Cotia; Vale do Jequitibá e Parque Freixal;
De 12h à 0h: Limoeiro; Iconha; Parada Modelo; Sapê; Jardim Modelo e Jardim Guapimirim.
Serviço
Rodízio de abastecimento em Guapimirim
De 0h à 12h: Centro; Paiol; Bananal; Quinta Mariana; Segredo; Cotia; Vale do Jequitibá e Parque Freixal;
De 12h à 0h: Limoeiro; Iconha; Parada Modelo; Sapê; Jardim Modelo e Jardim Guapimirim.
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