Alunos e segurança da Uerj se envolveram em confusão nesta quinta-feira (19) no campus MaracanãReprodução / Redes Sociais
Publicado 19/09/2024 18:18 | Atualizado 19/09/2024 19:07
Rio - Alunos e seguranças patrimoniais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), se envolveram em uma confusão, na tarde desta quinta-feira (19), em decorrência do descumprimento da ordem judicial para desocupação, no campus Maracanã. De acordo com movimento estudantil, houve agressões por parte dos funcionários. Já a universidade diz que houve uma ação de resistência dos estudantes, inclusive com porte de armas brancas.
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Imagens que circulam nas redes sociais mostram homens bloqueando portas dentro do campus. Segundo o movimento de ocupação da reitoria da Uerj, as pessoas seriam seguranças contratados pela universidade e teriam agredido alunos. Um vídeo mostra integrantes da ocupação pegando mangueiras de incêndio para realizar a dispersão dos funcionários.
A universidade informou que os seguranças agiram para garantir e tentar realizar a desocupação dos espaços e proteção do patrimônio, conforme orientação da juíza Luciana Losada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Na terça-feira (17), a magistrada determinou que os alunos desocupassem os prédios em um período de 24h. A notificação aos alunos chegou no dia seguinte e o prazo foi finalizado às 13h desta quinta-feira (19), mas os estudantes mantiveram a ocupação.
A decisão judicial diz que os alunos só podem realizar suas manifestações no hall de entrada. De acordo com a Uerj, foi por esse motivo que os seguranças tentaram liberar os outros espaços e entradas alternativas de acesso.
A universidade destacou que houve um ato de resistência à desobstrução de uma forma violenta e, para garantir a segurança dos funcionários, decidiu recuar na tentativa de realizar a desocupação.
"Tivemos relatos de que os estudantes estavam portando pedaços de madeira, canos e armas brancas. Dessa forma, para garantir a segurança dos agentes patrimoniais, a Universidade decidiu recuar e comunicar à Justiça sobre esses atos", informou em nota.
Manifestação
Em resposta à decisão da Justiça de desocupação dos prédios da universidade, os alunos realizaram uma manifestação, no início da tarde desta quinta (19), na Rua São Francisco Xavier, na Zona Norte, e afirmaram que permanecerão ocupando o espaço.
Segundo o grupo, a solicitação representa uma tentativa de intimidar e reprimir tanto a ocupação quanto a greve estudantil. Os alunos convocaram a reitoria a organizar urgentemente uma mesa de negociação para discutir a situação.
"Vamos seguir na ocupação. Os próximos passos é a gente seguir na luta e estamos pedindo uma mesa de negociação com a reitoria para evitar qualquer tipo de repressão. Queremos a revogação total da Aeda", ressaltou a estudante de História, Carol Santos, de 29 anos.
A desocupação dos alunos das dependências da universidade foi determinada, nesta terça-feira (17), após uma audiência de conciliação entre os alunos e representantes da Uerj terminar sem um acordo. As partes buscavam uma resolução para a questão da mudança nos critérios das bolsas de estudo, mas, segundo a instituição de ensino superior pública, um grupo de alunos "mais radicalizados" teria interrompido as conversas com o uso de instrumentos de percussão.
De acordo com a Uerj, os manifestantes, que realizam o ato desde o dia 26 de julho, já desocuparam parte das dependências da universidade, incluindo as unidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e de São Gonçalo, na Região Metropolitana. O único espaço ocupado atualmente é o Pavilhão João Lyra Filho, no campus do Maracanã.
Os alunos que ocupam a universidade são contra às mudanças para a obtenção de bolsas e auxílios da assistência estudantil, prevista no Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda 038/2024). Entre as principais mudanças estão a substituição do auxílio alimentação por refeição gratuita no bandejão para os cotistas. Além disso, foi reduzido pela metade o auxílio ao material didático, que era pago duas vezes ao ano, a cada semestre, no valor de R$ 1,2 mil.
O auxílio-creche também foi afetado. Com a nova decisão, o benefício foi limitado para apenas 1,3 mil estudantes. Anteriormente, tinha acesso quem solicitasse. A partir de agora, estudantes contemplados pela bolsa de apoio a vulnerabilidade social precisam comprovar uma renda bruta de meio salário mínimo por pessoa da família. Antes, a renda era um salário mínimo e meio. As alterações começaram a valer a partir de 1º de agosto.
De acordo com relatos de estudantes, cerca de 5 mil alunos vão perder os benefícios após a mudança. Eles denunciam, também, atrasos nos pagamentos. Segundo os manifestantes, as propostas da atual reitoria, antes de ser eleita, era de manter os benefícios.
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