Publicado 17/10/2024 13:39
Rio - A ocupação de servidores federais da saúde no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) completa 15 dias nesta quinta-feira (17). Os funcionários resistem à entrada da nova gestão do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), de Porto Alegre, na unidade.
A direção foi ocupada no último dia 2. Nos últimos três dias, servidores também passaram a se revezar para barrar a entrada dos novos gestores do grupo gaúcho na portaria do hospital. Pacientes e funcionários ingressam e transitam normalmente na unidade.
Até o início da tarde, a nova gestão não havia tentado ingressar no hospital, após as tentativas frustradas de terça-feira. Tampouco houve repressão policial aos manifestantes, o que era temido pelos servidores. Um veículo oficial, com a identificação "SEMS/RJ", sigla de Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, tentou entrar na unidade e foi barrado por integrantes do sindicato. O motorista chegou a forçar a entrada contra os manifestantes, mas recuou. Inicialmente, os servidores pensaram que o carro seria do GHC.
Os vereadores do PSOL Paulo Pinheiro e William Siri estiveram no local durante a manhã e defenderam o diálogo do Ministério da Saúde com os trabalhadores.
"Nós não queremos ver sangue. Não queremos ver a Uerj novamente aqui. Estamos defendendo a dignidade", ressaltou o vereador Paulo Pinheiro, referindo-se a uma ação policial que reprimiu a ocupação de estudantes da Uerj.
Pinheiro defende que os hospitais federais sejam geridos pelo Ministério da Saúde e critica as sucessivas trocas na direção por indicações políticas.
"Há cinco anos estamos fazendo reuniões sobre esses hospitais. Eles estão mal porque estão entregues há anos a indicações políticas. O interesse de mandar nesse hospital é econômico, o orçamento é enorme. O que os servidores querem é diálogo, transparência", afirmou.
O vereador William Siri ressaltou que a Fiocruz fica próximo à unidade e forma gestores que poderiam administrar a unidade. "Estamos a três quilômetros da Fiocruz. Somos contra o Ministério da Saúde entregar esses hospitais. Não dá pra impor uma empresa do Sul, se tem a Fiocruz próximo com uma lógica de serviço público", disse.
Siri acrescentou que parlamentares do PSOL tentaram conversar com a ministra Nísia Trindade mas que o diálogo foi encerrado precocemente.
Enfermeira no hospital há 30 anos, Roseane Vilela está desde o dia 2 de outubro na ocupação. "A gente tentou várias vezes uma conversa com o Ministério para saber o motivo pelo qual acha necessário o fatiamento da rede pública. Éramos referência em transplante renal, de córnea, hepático. Os serviços foram fechando. Fica claro que o objetivo era destruir o hospital para abrir espaço para as Organizações Sociais", criticou.
Uma técnica de enfermagem que trabalha no hospital desde 2005 também atribuiu o protesto à falta de transparência. "A minha luta é pelo meu posto de trabalho. A gente não tem segurança de como será feita essa gestão por esse grupo. Na verdade, não somos os errados. Quem está sendo denunciado por corrupção não é reprimido pela polícia. Somos trabalhadores lutando por dignidade", defendeu a servidora, que preferiu não se identificar.
PublicidadeA direção foi ocupada no último dia 2. Nos últimos três dias, servidores também passaram a se revezar para barrar a entrada dos novos gestores do grupo gaúcho na portaria do hospital. Pacientes e funcionários ingressam e transitam normalmente na unidade.
Até o início da tarde, a nova gestão não havia tentado ingressar no hospital, após as tentativas frustradas de terça-feira. Tampouco houve repressão policial aos manifestantes, o que era temido pelos servidores. Um veículo oficial, com a identificação "SEMS/RJ", sigla de Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, tentou entrar na unidade e foi barrado por integrantes do sindicato. O motorista chegou a forçar a entrada contra os manifestantes, mas recuou. Inicialmente, os servidores pensaram que o carro seria do GHC.
Os vereadores do PSOL Paulo Pinheiro e William Siri estiveram no local durante a manhã e defenderam o diálogo do Ministério da Saúde com os trabalhadores.
"Nós não queremos ver sangue. Não queremos ver a Uerj novamente aqui. Estamos defendendo a dignidade", ressaltou o vereador Paulo Pinheiro, referindo-se a uma ação policial que reprimiu a ocupação de estudantes da Uerj.
Pinheiro defende que os hospitais federais sejam geridos pelo Ministério da Saúde e critica as sucessivas trocas na direção por indicações políticas.
"Há cinco anos estamos fazendo reuniões sobre esses hospitais. Eles estão mal porque estão entregues há anos a indicações políticas. O interesse de mandar nesse hospital é econômico, o orçamento é enorme. O que os servidores querem é diálogo, transparência", afirmou.
O vereador William Siri ressaltou que a Fiocruz fica próximo à unidade e forma gestores que poderiam administrar a unidade. "Estamos a três quilômetros da Fiocruz. Somos contra o Ministério da Saúde entregar esses hospitais. Não dá pra impor uma empresa do Sul, se tem a Fiocruz próximo com uma lógica de serviço público", disse.
Siri acrescentou que parlamentares do PSOL tentaram conversar com a ministra Nísia Trindade mas que o diálogo foi encerrado precocemente.
Enfermeira no hospital há 30 anos, Roseane Vilela está desde o dia 2 de outubro na ocupação. "A gente tentou várias vezes uma conversa com o Ministério para saber o motivo pelo qual acha necessário o fatiamento da rede pública. Éramos referência em transplante renal, de córnea, hepático. Os serviços foram fechando. Fica claro que o objetivo era destruir o hospital para abrir espaço para as Organizações Sociais", criticou.
Uma técnica de enfermagem que trabalha no hospital desde 2005 também atribuiu o protesto à falta de transparência. "A minha luta é pelo meu posto de trabalho. A gente não tem segurança de como será feita essa gestão por esse grupo. Na verdade, não somos os errados. Quem está sendo denunciado por corrupção não é reprimido pela polícia. Somos trabalhadores lutando por dignidade", defendeu a servidora, que preferiu não se identificar.
A direção do hospital foi exonerada na segunda-feira (14) e transferida para o Grupo Hospitalar Conceição na terça-feira (15) por meio de uma publicação no Diário Oficial da União.
Segundo o Ministério da Saúde, a prioridade é abrir a emergência, salas para cirurgias e mais de 200 leitos, para retomada gradativa de todos os serviços. A previsão de abertura total do hospital é de 45 dias, ou seja, ainda neste ano.
Além disso, neste mesmo prazo, mais de 2 mil novos trabalhadores, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários administrativos, serão contratados por meio de processo seletivo. A pasta reforça que os direitos ficam garantidos para todos os servidores efetivos.
O Grupo Hospitalar Conceição afirmou que o Ministério da Saúde é quem responde sobre esse assunto.
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