Policiais do Batalhão de Choque atuaram na desocupaçãoPedro Teixeira/ Agência O DIA
Publicado 19/10/2024 09:11
Rio - Agentes da Polícia Militar e da Polícia Federal foram acionados, na manhã deste sábado (19), para realizar a desocupação do Hospital Federal de Bonsucesso, onde manifestantes estavam acampados. A ação ocorreu após dias de protestos, em que funcionários insatisfeitos com a nova gestão impediram o acesso ao prédio.
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Manifestantes que estavam impedidos de entrar no hospital invadiram a unidade, ocupando o pátio principal. A ação foi acompanhada de perto por agentes do Batalhão de Choque.
A unidade deveria ter sido entregue ao Grupo Hospitalar Conceição na terça-feira (15) quando a descentralização na administração do hospital foi oficializada por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União. No entanto, servidores, que já realizavam a ocupação desde o dia 2 de outubro, passaram a realizar um piquete impedindo a entrada dos novos gestores na unidade. Pacientes e funcionários circulavam normalmente.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que as equipes do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) ingressaram nas dependências do Hospital Federal de Bonsucesso de forma pacífica e sem nenhuma violência por volta de 6h. De acordo com a pasta, a nova diretora do Hospital, Elaine Lopez, o diretor presidente do GHC, Gilberto Barichello, e o Secretário Nacional adjunto de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Nilton Pereira Junior, estão visitando as dependências do hospital, conversando com trabalhadores e iniciando a vistoria e o reconhecimento de todas as áreas.
Cerca de 10 servidores estavam na porta do hospital no momento da desocupação, enquanto agentes do Batalhão de Choque tentaram negociar a retirada das faixas colocadas na entrada, mas sem sucesso. Os servidores, agora, estão impedidos de entrar no hospital.
Uma audiência de conciliação estava marcada para as 14h da próxima segunda-feira (21), reunindo o Sindsprev/RJ, sindicato que representa os servidores federais da saúde no Rio, e representantes do Grupo Conceição, na tentativa de resolver o impasse.
De acordo com o Ministério da Saúde, o HFB passará a ser administrado pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), uma empresa pública vinculada ao Governo Federal, que atua em todo o país e atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sob a nova gestão, as prioridades são reabrir a emergência, salas de cirurgia e mais de 200 leitos, com uma retomada gradual dos serviços. A previsão é que o hospital esteja totalmente operacional em 90 dias.
Além disso, neste mesmo prazo, mais de 2 mil novos trabalhadores, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e funcionários administrativos, serão contratados por meio de processo seletivo. A pasta reforça que os direitos ficam garantidos para todos os servidores efetivos.
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar informou que agentes do Batalhão de Choque atuaram em apoio ao 22º BPM (Maré) e a Polícia Federal para a realização da desocupação do Hospital Federal de Bonsucesso. 
"A ação teve como objetivo restabelecer a ordem e garantir a segurança no local, assegurando a tranquilidade aos pacientes e funcionários, bem como a continuidade dos serviços hospitalares essenciais", comunicou a corporação.
O que dizem os servidores
Enfermeira no hospital há 30 anos, Roseane Vilela está desde o dia 2 de outubro na ocupação. "A gente tentou várias vezes uma conversa com o Ministério para saber o motivo pelo qual acha necessário o fatiamento da rede pública. Éramos referência em transplante renal, de córnea, hepático. Os serviços foram fechando. Fica claro que o objetivo era destruir o hospital para abrir espaço para as Organizações Sociais", criticou.

Uma técnica de enfermagem que trabalha no hospital desde 2005 também atribuiu o protesto à falta de transparência. "A minha luta é pelo meu posto de trabalho. A gente não tem segurança de como será feita essa gestão por esse grupo. Na verdade, não somos os errados. Quem está sendo denunciado por corrupção não é reprimido pela polícia. Somos trabalhadores lutando por dignidade", defendeu a servidora, que preferiu não se identificar.
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