Publicado 30/10/2024 13:17
Rio - Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, foi a segunda testemunha a ser ouvida no julgamento dos assassinos confessos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, nesta quarta-feira (30). A oitiva, que contou com a presença dos réus, começou com Marinete contando sobre o nascimento da filha, relembrando a criação difícil, marcada pela falta de uma rede de apoio e pelas dificuldades de viver na periferia. Ela detalhou como a vereadora foi criada em um ambiente de muitas privações, mas sempre com amor. Além disso, Marinete revelou que era contra a candidatura da filha.
No depoimento, Marinete relembrou a infância de Marielle, destacando o quanto a filha sempre se preocupou em ajudar a família. Ela contou que a vereadora começou a trabalhar aos 11 anos de idade para contribuir financeiramente em casa. "A parte mais dolorosa é conviver com a falta de uma filha. É um vazio. É minha filha primogênita, que lutei muito para criar. Tiraram um pedaço de mim. Cada vez mais dói muito. A gente não imaginava nunca passar o que a gente passou com minha filha. É um pedaço do meu coração que foi arrancado em 14 de março de 2018", disse.
PublicidadeNo depoimento, Marinete relembrou a infância de Marielle, destacando o quanto a filha sempre se preocupou em ajudar a família. Ela contou que a vereadora começou a trabalhar aos 11 anos de idade para contribuir financeiramente em casa. "A parte mais dolorosa é conviver com a falta de uma filha. É um vazio. É minha filha primogênita, que lutei muito para criar. Tiraram um pedaço de mim. Cada vez mais dói muito. A gente não imaginava nunca passar o que a gente passou com minha filha. É um pedaço do meu coração que foi arrancado em 14 de março de 2018", disse.
Marinete afirmou que nunca desistiu de buscar justiça pela morte de sua filha. Ela descreveu como todo o processo tem sido extremamente doloroso, agravado pelo fato de ter enfrentado um câncer nos últimos anos, passando por várias cirurgias enquanto as investigações seguiam. "Eu não estou aqui para falar da Marielle como parlamentar, como símbolo de resistência, mas como mãe, para dizer quem foi a minha filha, tudo que ela lutou, estudou, para chegar onde chegou”, disse Marinete, emocionada.
“Sou uma mãe que está há 6 anos e sete meses lutando por justiça. Foi uma crueldade, imagina saber que alguém planejou a morte da minha filha. Isso não é normal, não é normal no ciclo da vida uma mãe enterrar um filho. Foram muito anos de dor, insistência, foram cinco delegados. Foi muito duro chegar até aqui, mas eu nunca desisti, a defensoria passou a ser uma extensão da minha casa, da minha história com a minha filha", afirmou.
Por conta de sua atuação em defesa dos direitos humanos, Marinete revelou em depoimento que foi contra a candidatura da filha à vereadora. "Eu fui contra, isso era público. Eu não sentia coisa boa no meu coração em relação ao mandato partidário. Eu nunca tive partido, então isso me preocupou bastante”, explicou.
A mãe da vereadora destacou que, embora tivesse essa preocupação, não conseguiu impedir a decisão da filha. “Mas, quem era eu na época para contrariar os desejos de uma mulher de 38 anos? O partido não tinha uma candidata negra e por isso ela foi”, contou.
Marinete foi a segunda testemunha a ser ouvida no julgamento, sucedendo Fernanda Chaves, assessora e única sobrevivente do atentado. Seu depoimento durou cerca de 40 minutos. A defesa dos réus e o júri optaram por não fazer perguntas.
Viúva fala sobre momento de vida de Marielle
Mônica Benício, viúva da vereadora também foi ouvida durante o júri. Foram pouco mais de 30 minutos de fala da parlamentar, que abriu seu depoimento contando emocionada como era a relação com Marielle. "Marielle era uma das pessoas mais companheiras que conheci e no sentindo mais generoso e bonito que essa palavra pode ter. [Marielle] era a amiga que você podia ligar de madrugada que ela ia atender, ia sair de madrugada de pijama para ajudar", lembrou.
A parlamentar também falou sobre como era a parlamentar nos momentos de descanso. "Era uma pessoa muito explosiva, de energia, mas muito afetuosa. Na nossa relação tinha uma coisa que era mais particular, Marielle para fora, era sempre a cuidadora, em casa, fazia vozinha e se permitia ser cuidada", revelou.
"Essa cumplicidade estava nos almoços de domingo, nas tarefas de casa, no acolhimento. Marielle nunca deixou de ser minha amiga, justamente por conta desse companheirismo que ela tinha", contou.
Ainda segundo Mônica, que conheceu Marielle quando ela tinha 18 anos, a vereadora vivia seu momento mais realizado profissional e pessoalmente quando foi executada.
"Vivia o momento mais feliz da vida dela como um todo. (...) Era uma figura em ascensão política no partido e era muito dedicada no trabalho, estudava para tudo, se interessava por tudo, a eleição dela foi um fenômeno na cidade", afirmou Mônica, que disse só ter se empenhado em ir para a universidade por causa da companheira.
Mesmo após seis anos, Mônica contou que ainda faz tratamento com remédios controlados por conta do ocorrido. Para a vereadora, reeleita nas eleições do início do mês, a justiça não repara o que aconteceu, mas pode evitar que casos como o de Marielle não voltem a acontecer.
"Acho que se eu disser que espero justiça, talvez pudesse ter uma leitura equivocada, porque a única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Mas para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil e o mundo esperam há seis anos e sete meses. Isso é importante também, não só como símbolo, mas para Marielle Francisco, a defensora de direitos humanos, para o Anderson, pai do Arthur e esposo da Agatha. É dar o exemplo de que isso não pode voltar a acontecer. Esse é um dos crimes mais emblemáticos da história recente do nosso país", defendeu.
De acordo com Mônica, Marielle nunca relatou temer sofrer atentado ou ameaças, por isso seguia vivendo da mesma forma: "A notícia da morte dela, quando veio a notícia de que foi uma execução, teve um requinte de crueldade da surpresa, porque Marielle, no geral, se dava bem com todo mundo. Não tinha, desde que ela virou vereadora, uma mudança de rotina que justificasse um comportamento diferente", disse a vereadora, que não foi questionada pelas defesas de Lessa e Queiroz.
A parlamentar também falou sobre como era a parlamentar nos momentos de descanso. "Era uma pessoa muito explosiva, de energia, mas muito afetuosa. Na nossa relação tinha uma coisa que era mais particular, Marielle para fora, era sempre a cuidadora, em casa, fazia vozinha e se permitia ser cuidada", revelou.
"Essa cumplicidade estava nos almoços de domingo, nas tarefas de casa, no acolhimento. Marielle nunca deixou de ser minha amiga, justamente por conta desse companheirismo que ela tinha", contou.
Ainda segundo Mônica, que conheceu Marielle quando ela tinha 18 anos, a vereadora vivia seu momento mais realizado profissional e pessoalmente quando foi executada.
"Vivia o momento mais feliz da vida dela como um todo. (...) Era uma figura em ascensão política no partido e era muito dedicada no trabalho, estudava para tudo, se interessava por tudo, a eleição dela foi um fenômeno na cidade", afirmou Mônica, que disse só ter se empenhado em ir para a universidade por causa da companheira.
Mesmo após seis anos, Mônica contou que ainda faz tratamento com remédios controlados por conta do ocorrido. Para a vereadora, reeleita nas eleições do início do mês, a justiça não repara o que aconteceu, mas pode evitar que casos como o de Marielle não voltem a acontecer.
"Acho que se eu disser que espero justiça, talvez pudesse ter uma leitura equivocada, porque a única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Mas para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil e o mundo esperam há seis anos e sete meses. Isso é importante também, não só como símbolo, mas para Marielle Francisco, a defensora de direitos humanos, para o Anderson, pai do Arthur e esposo da Agatha. É dar o exemplo de que isso não pode voltar a acontecer. Esse é um dos crimes mais emblemáticos da história recente do nosso país", defendeu.
De acordo com Mônica, Marielle nunca relatou temer sofrer atentado ou ameaças, por isso seguia vivendo da mesma forma: "A notícia da morte dela, quando veio a notícia de que foi uma execução, teve um requinte de crueldade da surpresa, porque Marielle, no geral, se dava bem com todo mundo. Não tinha, desde que ela virou vereadora, uma mudança de rotina que justificasse um comportamento diferente", disse a vereadora, que não foi questionada pelas defesas de Lessa e Queiroz.
O que está em julgamento?
No júri popular, os ex-PMs serão julgados pelo duplo homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima, e pela tentativa de homicídio contra Fernanda.
Durante os dias de julgamento, os jurados ficam incomunicáveis e dormem em dependências restritas TJRJ. Para o Tribunal do Júri, foram selecionadas 21 pessoas comuns. Deste grupo, sete homens foram sorteados na hora para compor, de fato, o júri. Lessa é apontado como autor dos disparos e Élcio o responsável por dirigir o veículo utilizado na emboscada.
De acordo com o assassino confesso, o crime teria sido encomendado pelos irmãos Brazão, que buscavam enfraquecer a atuação da vereadora contra loteamentos clandestinos na Zona Oeste, onde tinham interesses econômicos. Domingos e Chiquinho Brazão estão presos desde o fim de março após uma operação da Polícia Federal. Eles respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa e permanecem detidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
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