Claudete Conceição (de preto), mãe de Carlos Eduardo, é amparada no Cemitério Municipal de JaperiManuela Carvalho/Agência O Dia
Publicado 02/11/2024 15:52
Rio - Dois tiros fatais, no braço e no peito, atingiram o pequeno Carlos Eduardo de Moura, de 5 anos, em Japeri, na Baixada Fluminense. A vítima segurava a mão da mãe na saída do mercado, quando foi alvejada pelos disparos. Ao DIA, a mulher lembrou que o filho chegou a gritar antes de cair. A criança foi sepultada na tarde deste sábado (2), no Cemitério Municipal de Japeri, sob forte emoção.
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Claudete Conceição, mãe de Carlos Eduardo, ainda em choque, disse que no momento em que o filho caiu ela não conseguiu entender o que estava acontecendo. "Eu estava saindo do mercado, tinha acabado de pagar as compras e ouvi os disparos. Ele morreu na calçadinha. Eu entrei em pânico, não acreditei, comecei a gritar. Ele caiu de repente, de barriga para baixo. Ele gritou sentindo a dor dos tiros. Eu pensava que era um tiro só, mas foram dois. O projétil passou por trás das minhas costas. É muita dor nessa hora, perder um filho da forma trágica que aconteceu", desabafou.

Familiares e amigos estiveram presentes no cemitério para dar o último adeus. Abalados com o ocorrido, eles descreveram Carlos Eduardo como um menino alegre, brincalhão e obediente. O pai da vítima, Kleiton de Moura, passou mal durante o velório e precisou ser socorrido por uma ambulância. Claudete e os dois irmãos de Carlos Eduardo, uma de 17 anos e outro de 13, também choravam muito pela perda. 

"Só quero que a pessoa que fez isso, que fez o disparo, apodreça na cadeia. Por favor, não deixem esse caso impune. Meus irmãos estão ali, passando mal, tem três dentro da ambulância! Não aguentam ver a cena, um menino de cinco anos deitado em um leito", desabafou Jefferson de Moura, tio da criança.

O menino estudava na Escola Municipal Darcílio Ayres Raunheitti. No local, ele recebia um apelido dos funcionários: menino sorriso. "Ele era muito brincalhão, sorridente o tempo todo, a gente chama ele de sorriso. Ele ia direto na cantina e falava: "tia, me dá uma banana, me dá umas frutas". Isso tudo é uma coisa que a gente não aceita. Vamos ver como vai ser na segunda-feira, saber que ele não vai [para a escola], não vai estar lá. Dói muito", conta Maria de Lourdes, merendeira da unidade.
Segundo informações do Instituto Fogo Cruzado, a Baixada Fluminense teve o maior número de crianças vítimas da violência armada no Grande Rio. Das 18 baleadas este ano, 12 foram atingidas na região.

O caso
O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (1º), próximo à comunidade Lago do Sapo, em Japeri. De acordo com a Operação Segurança Presente, agentes estavam em uma van quando foram alvo de disparos por parte de criminosos. Os tiros foram feitos no momento em que uma viatura manobrava ao lado da van, mas os policiais não teriam reagido aos disparos.

A criança deu entrada no Hospital Municipal de Japeri por volta das 10h40. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o menino chegou em estado grave, em parada cardiorrespiratória, e foi levado para a sala vermelha, onde foram iniciadas as manobras de ressuscitação.

"A equipe formada por dois pediatras, um clínico da rotina e um especialista em ortopedia e traumatologia (diretor do hospital), além dos técnicos de enfermagem da sala vermelha e uma fisioterapeuta participaram do atendimento. No entanto, infelizmente, a criança evolui para óbito às 11h20", informou a secretaria.

A criança estudava na Escola Municipal Darcílio Ayres Raunheitti. Em comunicado, a Prefeitura de Japeri informou que, assim como as secretarias municipais de Saúde e Educação, está " consternada com a tragédia ocorrida e se solidariza com a família e amigos".

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
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