Eduardo Paes anuncia que a substituição do RioCard pelo Jaé será adiadaRenan Areias/ Agência O Dia
Publicado 08/01/2025 17:37
Rio - A Prefeitura do Rio adiou para o dia 1º de julho o início da exclusividade do uso do Jaé como sistema de bilhetagem nos transportes públicos da cidade. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (8) pelo prefeito Eduardo Paes, que atribuiu o atraso à falta de cooperação da RioCard e da Semove (antiga Fetransport) na transição para o novo modelo.
Publicidade
Segundo o chefe do município, a empresa não compartilhou os dados necessários sobre beneficiários do Bilhete Único Intermunicipal, o que dificulta o inicio da operação no prazo do dia 1º de fevereiro.

"A implantação de um sistema como esse, ela nunca vai ser simples. E não vai ser simples por alguns motivos. Primeiro, pelo interesse econômico que envolve. Imagina a gente passar a ter a informação que não temos hoje. Vou dar um exemplo concreto: eu falei do subsídio, mas a prefeitura do Rio começará, ao longo desse ano, a fazer as novas concessões de ônibus do Rio de Janeiro. Enquanto não tivermos os dados reais, e os dados reais não vão vir, vou até fazer uma expressão aqui, a RioCard é a raposa cuidando do galinheiro", disse o prefeito.
Segundo o cronograma anunciado à época do lançamento, em julho do ano passado, todos os passageiros já deveriam estar viajando com o Jaé desde fevereiro do ano passado. No entanto, com as dificuldades para a implementação do serviço, o prazo foi adiado para fevereiro de 2025. Agora, sem parâmetros necessários foi estabelecida nova data.
Diversos usuários enfrentaram problemas para realizar o cadastro, agendar a retirada do novo cartão ou validar benefícios como a gratuidade para idosos. Paes destacou que entende os contratempos, mas que é uma mudança necessária.
"Eu posso garantir uma coisa aqui para vocês, no dia, mesmo com outro adiamento, vai ter gente que vai deixar para o último dia. Não é simples. Eu adiei pessoalmente no ano passado, foi uma decisão minha. Hoje, tem outros motivos. Estamos adiando a operação exclusiva, mas não adiamos o cadastramento, então, continuem se cadastrando, não deixem para o último momento", declarou o prefeito.
De acordo com o prefeito, o modelo atual de bilhetagem eletrônica, baseado no RioCard, estaria sob o controle exclusivo das empresas, sem auditoria independente e sem informações precisas sobre o número de passageiros transportados, valores arrecadados e saldos remanescentes dos bilhetes.
"Estamos lidando com uma turma que é uma máfia, que já fez tudo que fizeram, estou me referindo aos empresários, a Fetransport, que já fez tudo que vocês conhecem que fizeram e estão incomodados com isso. Porque é muito dinheiro que eles ganham com RioCard, e não dão informação. Ganham com a bilhetagem eletrônica e ganham porque a raposa cuida do galinheiro, então ele informa para receber os subsídios. É isso que estamos tratando aqui", disparou.
Dados confiáveis
De acordo com o prefeito, a transição para o novo sistema permitirá à prefeitura reorganizar a rede de transporte com base em dados mais confiáveis. Paes destacou que a substituição do RioCard pelo Jaé atende a uma demanda da sociedade civil e do Ministério Público, com o objetivo de pôr fim à caixa-preta que envolve os transportes no Rio de Janeiro.
"No dia que a gente acabar com a caixa preta do transporte no Rio, isso vai estar resolvido. A Fetransport/RioCard, os mafiosos, fazem a caixa preta há muito tempo no Rio. Eles não vão nos deter, vamos dar transparência a esse sistema", declarou.
A secretária de Transportes do Rio, Maina Celidonio, reforçou que a integração entre diferentes sistemas de bilhetagem é tecnicamente viável e já funciona em outras cidades. Ela destacou que o Rio já tem 1 milhão de cadastros no sistema do Jaé e mais de 700 mil cartões foram emitidos.
"Várias cidades têm dois cartões e vários sistemas. São Paulo tem e os sistemas se falam. Há um discurso que é impossível, mas não é. É uma questão de troca de dados. isso já existe e já foi extremamente simplificado para que a RioCard/Estado mande para gente e garanta o benefício de várias pessoas", disse.
Nota da Riocard Mais
"A Riocard Mais esclarece que sempre apoiou o processo de transição para o novo sistema de bilhetagem da Prefeitura, entendendo a importância de manter o atendimento à população da cidade do Rio. Mesmo ciente de que a mudança não era uma necessidade dos passageiros de transportes municipais, a empresa respeitou a decisão da Secretaria Municipal de Transportes e colaborou integralmente, acatando todas as determinações, inclusive às que não eram favoráveis aos clientes, como a restrição de acesso a serviços importantes.

Mas dois anos após o início da nova operação, o desempenho pífio da empresa contratada pela Prefeitura, que transporta atualmente apenas 1,7% do total de passageiros dos transportes municipais (ônibus, vans, BRT e VLT), não permite uma transição adequada entre os dois sistemas de bilhetagem. As dificuldades do Consórcio Bilhete Digital, responsável pelo cartão Jaé, refletiram em perdas para a Riocard Mais, que, mesmo assim, está mantendo o pleno funcionamento da sua operação no Município.

Em relação ao Bilhete Único Intermunicipal, a Riocard Mais ofereceu como solução a manutenção de um validador em cada meio de transporte municipal para uso exclusivo do benefício tarifário do Estado, proposta que não foi aceita pelos representantes da Secretaria Municipal de Transportes".
Novo sistema
O novo sistema conta com três tipos de cartão: o preto, Jaé Visa, destinado a usuários frequentes; o verde, para passageiros esporádicos e turistas; e o laranja, voltado à gratuidade. O primeiro pode ser adquirido via aplicativo para usuário que não recebe o vale-transporte, podendo solicitar a entrega nas lojas ou em casa, mediante taxa de R$ 7,95. Já o usuário que recebe, a própria empresa faz a solicitação on-line.
O verde só é possível fazer a solicitação em máquinas de autoatendimento localizadas nas estações de VLTs e BRTs, ao custo de R$ 4,30 (esse valor não é convertido na primeira passagem). Já o cartão de gratuidade deve ser solicitado exclusivamente online.
As recargas dos cartões pretos só podem ser realizadas pelo app do sistema, com opções de pagamento via pix e cartão de crédito (valor mínimo de R$ 10) ou boleto bancário (a partir de R$ 50). Enquanto isso, o cartão destinado a turistas e usuários esporádicos só pode ser recarregado nas estações.

Diferentemente do Riocard, não é necessário validar o valor carregado: o crédito fica disponível assim que o pagamento é confirmado. Outra facilidade é o uso do celular para pagar a passagem, gerando um QR Code no aplicativo e aproximando-o do validador. O cartão físico, portanto, torna-se opcional.
 
Leia mais