Bandidos armados entraram pela garagem para invadir o Hospital Pedro IIDivulgação
Publicado 18/09/2025 13:02
Rio - O paciente Lucas Fernandes de Souza, 31 anos, alvo de criminosos que invadiram o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na madrugada desta quinta-feira (18), estava internado na unidade após sofrer um atentado. Segundo a Polícia Civil, o objetivo do grupo era matá-lo, para que ele não pudesse identificar os autores dos disparos. No início da tarde, a Polícia Militar iniciou uma operação na região em busca dos envolvidos.
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A motivação do ataque ainda não foi esclarecida. Investigações apuram se teria relação com a disputa de território envolvendo a milícia que atua no bairro. Lucas não estava preso sob custódia.

Em coletiva de imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), os secretários de Segurança, Victor do Santos, de Polícia Militar, Marcelo de Menezes, e de Polícia Civil, Felipe Curi, informaram que um dos bandidos que atiraram na vítima e comandou a invasão já foi identificado. O suspeito, que não teve o nome divulgado, tem passagem pela polícia por envolvimento com a milícia.

"O miliciano que foi identificado participou da emboscada anteriormente. Ele seria o autor dos disparos na e voltou ao hospital para poder terminar a execução. A investigação vai poder dizer se a vítima presenciou outros crimes ou talvez se queriam matá-lo por ele poder identificar quem foi o autor do disparo contra ele", disse Vitor dos Santos.

Na ocasião, os criminosos renderam os seguranças na garagem e foram diretamente para o centro cirúrgico, mas não encontraram Lucas, pois ele já havia sido liberado e estava na enfermaria. Um deles usava um colete à prova de balas da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco).

"Nós não sabemos se ele era o criminoso que usava esse uniforme da Draco. Esse autor dos disparos naquela vítima que estava no hospital, esse já foi identificado. Em 2019, ele foi preso pela Polícia Civil por envolvimento com a milícia. A investigação está a cargo da 36ªDP com o apoio da Draco", afirmou Santos.
O prefeito Eduardo Paes, que esteve no Hospital do Andaraí na manhã desta quinta, frisou a importância de mais segurança nos hospitais.
"Graças a Deus não houve maiores consequências, eles também não conseguiram encontrar lá quem eles estavam buscando. E a transferência foi feita, agora, é óbvio, que a gente primeiro confia na Polícia Militar e na Polícia Civil para identificar quem são esses personagens, quem são esses criminosos e punir essa gente, fazer eles responderem por esse crime, mas também precisamos chamar a atenção para mais segurança nos hospitais, a gente tem que fazer o básico para o hospital não enfrentar invasão de homens armados", disse.
Por fim, Paes reforçou que as forças policiais precisam agir de forma direta contra esses criminosos. "Temos que entender que eles não podem fazer o que fizeram, não podem invadir uma unidade de saúde com petulância, arrogância e um certo sentimento de impunidade. É preciso aprender que, quando cometem crimes, eles vão pagar por isso", finalizou.
Segundo o secretário de Saúde, Daniel Soranz, por segurança, o paciente terá mudança de nome no sistema.
"A gente fez uma transferência desse paciente para outra unidade, ele vai receber uma alteração do seu nome e vai ser transferido novamente para que ninguém saiba onde ele está dentro do sistema. Então, ele parou primeiro numa unidade e vai mudar de unidade com outro nome, com outra identificação para que ele não possa ser localizado pelos bandidos", explicou.
 
Segurança nas unidades
Em relação a segurança, Soranz ressaltou que esse é um problema crítico na cidade que vem afetando a rede municipal de saúde. "É uma situação que de fato mobilizou muitos profissionais de saúde, a equipe do hospital está completamente abalada com o que aconteceu. E a gente espera que isso não aconteça. Só esse ano, 516 vezes, uma unidade de saúde precisou ser fechada por um conflito armado ou por uma questão de segurança. A situação vem aumentando numa velocidade muito grande na cidade do Rio de Janeiro", relatou.

Sobre o policiamento na porta das unidades, ele frisou que falta agentes na rede municipal. "A gente sempre teve uma viatura policial em cada unidade com um plantão 24 horas. Há quatro anos isso foi desmobilizado e a situação vem piorando e ficando cada vez mais crítica para manter o sistema de saúde funcionando sem uma política de segurança estruturada."
A declaração de Soranz, no entanto, foi contestada pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.
"Esse número não corresponde à realidade. O secretário Soranz está mentindo. Ele é mentiroso! Isso não condiz com a verdade. Não existe esse número de ocorrências. Se a gente for apurar, não tem nem de 20% de ocorrências registradas. O secretário tem meu telefone, tenho certeza que tem o telefone de todos os secretários, e ele não fez nenhuma ligação para pedir esse tipo de apoio. Consideramos isso uma irresponsabilidade, porque esse tipo de declaração é que gera insegurança e medo na população. A Segurança Pública está aqui para atender. Existe um policial militar em cada unidade hospitalar do estado, do município, exatamente para isso", frisou.
Em nota, a Polícia Civil informou que ao tomar conhecimento do caso, a autoridade policial da 36ª DP (Santa Cruz) imediatamente instaurou um inquérito para apurar invasão. Agentes da unidade realizam diligências neste momento para identificar e capturar os criminosos.
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