Publicado 08/02/2021 18:45 | Atualizado 09/02/2021 22:40
Em mais uma homenagem a João Cândido, o homem responsável pelo fim dos castigos sofridos pelos marinheiros até o início do século passado, Pedro Rajão, produtor e pesquisador do projeto Negro Muro, convidou o artista Cazé para pintar o muro da residência onde João viveu por quase quatro décadas, em Coelho da Rocha, São João de Meriti. O local foi decorado com pinturas de momentos marcantes daquilo que ficou conhecido como a Revolta da Chibata (1910).
O artista Cazé, escolhido para ilustrar a histórica residência, produziu homenagens ao marinheiro como o cerco ao governo imposto por navios comandados pelo marinheiro que ficou conhecido como Almirante Negro, que exigia o fim dos castigos. Em outra cena, ele segura o diário oficial que ratificou a decisão do governo e pôs fim às chibatadas.
O Produtor Pedro Rajão destaca a importância do Frei Tatá, pertencente pastoral afro e que está na militância há décadas, para que todo o projeto pudesse acontecer: "Quando conversei com o Frei, ele me deu todo o apoio. Primeiramente, para homenagear o próprio João Cândido, segundamente, para que outras obras em homenagem ao marinheiro, como o museu, se torne realidade, visto que está há mais de 10 anos em projeto".
Único filho vivo dos 11 que João Cândido teve, Seu Candinho, como é conhecido, falou sobre a homenagem recebida e, muito alegre, comentou que o local foi a última morada de João Cândido: “É motivo de muito orgulho para minha família, ele morou aqui por quatro décadas e construiu nossa família. Eu agradeço por esse momento em homenagem ao meu pai”, contou.
O produtor cultural Pedro Rajão, idealizador do projeto Negro Muro, que já homenageou outras personalidades negras do Estado do Rio de Janeiro, falou que este já é o 13º muro realizado e todo o custo veio através de um crowdfunding na benfeitoria:
“Esta obra é, sem dúvidas, a mais especial de todas. Fazer essa homenagem na casa dele, com o filho dele, é uma honra muito grande. Estou muito feliz. Todo o processo de produção, autorização junto a família, levantamento de equipamentos , tintas, pesquisa, etc, foi esforço nosso enquanto equipe. NegroMuro, Duda Mattar da produtora Partiu! e o historiador Rhuan Gonçalves. No fim, tudo deu certo”, declarou.
O subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial, junto com a secretária de Cultura do município, Raquel Queiroz, contou que o local será um ponto turístico da cidade: “É um resgate da história que não deve ser apagada, é uma luta não apenas de Meriti, mas do negro, do Brasil. Vamos continuar avançando”, disse.
Ponto positivo e que marca o projeto, a organização do painel, através de uma iniciativa civil, conseguiu viabilizar uma placa que destaca e deixará marcado a residência de João Cândido para que o visitante se contextualize deste marco.
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