João Fantazzini e JocaReprodução / Instagram

Tutor do cão Joca, João Fantazzini deu entrevista ao programa 'Mais Você', da TV Globo, nesta quinta-feira (25) para falar sobre a morte do cachorro após erro de logística da Gol durante voo para Sinop, no Mato-Grosso, na última segunda-feira (22).
O engenheiro contou que o último contato com Joca aconteceu na lacragem da caixa transportadora, recomendada pela própria companhia área como o 'meio mais seguro' de levar o golden retriever. Segundo João, haviam no recipente o nome de outro animal, além de etiquetas de outros destinos, mas que ele só percebeu após ser avisado pelo próprio advogado no reecontro com o cachorro. 
O cão tinha laudo médico para suportar uma viagem de até duas horas e meia, mas com o erro acabou em Fortaleza e ficando quase oito horas entre o compartimento de cargas e a pista de pouso. "Tratam nosso cachorros, que são como filhos para nós, como cargas", afirmou o engenheiro. 
João também explicou que a própria empresa emitiu as passagens em direção a Guarulhos, em São Paulo, para que pudesse se reunir com Joca, mas que o achou morto assim que chegou no aeroporto. Ele estava na mesma caixa transportadora 'imóvel' e 'suado'.
"Eles lotaram meu Whatsapp de fotos dele na pista. Estavam jogando água dentro dele, porque nem abriram a caixinha. Ele tava na pista. Lá (Fortaleza) a sensação de sol estava em 32° na hora, imagina na pista", falou sem conseguir segurar o choro. 
Ao ser perguntando sobre a assistência da Gol, o engenheiro foi enfático ao afirmar que não houve suporte e que apenas recebeu um pedido de desculpas do presidente da companhia áerea. 
"Eu não sei o que fazer, porque a Gol não fez contato comigo. Só no dia o presidente da Gol me ligou e me pediu desculpas. Eu disse que ele não tinha nada a ver com isso, porque quem matou o Joca foi o operacional dele. Não me deram apoio nenhum. O único apoio foi dando um lanchinho para quem estava comigo na hora", pontua. 
O tutor também afirmou que não quer discutir sobre acordo com a empresa e pediu para que parassem de entrar em contato. 
"Eu não quero que me liguei para falar de acordo. Quero que parem com isso, vocês mataram o meu cachorro. A única coisa que espero é que saibam tratar bem os cachorros e não os levem como qualquer um", reforçou sobre lágrimas. 
Sobre o atendimento ao Joca, o engenheiro declarou que não há serviço veterinário na Gol - ao contrário do previsto pela própria companhia área. Ele conta que o acompanhamento demorou horas para acontecer e veio apenas para constatar o óbito do cachorro. 
"Contrataram um serviço veterinário terceirizado. A veterinária que chegou me disse que não era veterinária da Gol e que foi contratada apenas para o caso", informou durante a entrevista. 
Presidente Lula cobra explicações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na quarta-feira (24), que a Gol tem que prestar contas sobre a morte do cachorro Joca. O chefe do Executivo comentou o caso durante um evento no Palácio do Planalto para sancionar leis ligadas à Cultura e usou uma gravata com estampa de cachorro em homenagem ao cão e cobrou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fiscalize o caso. 
A primeira-dama Janja também falou sobre o ocorrido. Em vídeo publicado no Instagram, ela diz que ficou “muito abalada” com a notícia e chamou o caso de “irresponsabilidade” da Gol. E assim como Lula, também prestou solidariedade ao dono do animal.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou a morte de Joca e comunicou que um processo investigativo foi aberto após notificação a companhia área e uma reunião entre o diretor-presidente da Agência, Tiago Pereira, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
O órgão também solicitou à Gol, entre outras informações, detalhes sobre as condições de transporte do animal, o seu envio para localidade diversa da contratada e as condições para a prestação desse tipo de serviço.
"A ANAC esclarece que o transporte de animais de estimação e animais de assistência emocional, quando ofertado pelas empresas aéreas, implica a responsabilidade destas pelos animais transportados desde o embarque até o recebimento, aplicando-se as disposições constantes do contrato firmado entre as partes", informa a nota.

"Adicionalmente, as disposições da Portaria nº 12.307/2023, que aborda as condições gerais do transporte aéreo de animais no contexto de voos de passageiros, destacam que, nos casos de dano causado ao animal de estimação ou de assistência emocional no decorrer do transporte, o transportador aéreo deverá indenizar o passageiro nas formas elencadas pela Resolução nº 400", conclui a Anac. 
O que diz a Gol
Em nota, a Gol disse se solidarizar com o incidente. Confira a íntegra.
"A GOL se solidariza com o sofrimento do tutor do Joca e de sua família. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente pela perda do seu animal de estimação. O cão deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo G3 1480 do dia 22/04/2024, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR).

Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o seu animal de estimação.

A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o cão e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo G3 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do animal sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos, vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do cão.

A Companhia está oferecendo desde o primeiro momento todo o suporte necessário ao tutor e sua família. A apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com total prioridade pelo nosso time."
 
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