Um pequeno e fascinante livro, pelo menos para aqueles que estão interessados em conhecer-se um pouco mais. Trata-se de A busca do sentido, da analista jungiana Marie-Louise von Franz (1915-1998), que trabalhou com o médico-psiquiatra Carl Gustav Jung por quase 30 anos.
O livro, de apenas 84 páginas, é a transcrição de duas entrevistas que Marie-Louise concedeu à rádio Cultura Francesa. O tema principal dessa conversa coloquial foram os sonhos, a morte e o destino, entre outros. O conteúdo é riquíssimo, mas como temos pouco espaço, selecionei um trecho sobre o que é chamado de projeção:
"Projeção é aquilo que vejo nos outros", mas que de fato está em mim. "Por exemplo: quando alguém me irrita mais do que o normal, sem que ele nada me tenha feito, não há razão para eu ficar furioso; então, isso é uma projeção, então aquilo que me irrita nele está em mim, é alguma coisa de mim mesmo que vejo nele".
A entrevistadora pergunta:
- Isso quer dizer que a desordem do mundo exterior está em nós?
A resposta da psicóloga é direta:
- Ela está em nós. Tudo está em nós. Nós somos responsáveis pela guerra, nós somos responsáveis por tudo que acontece de mal, não é? A tendência do homem é pensar: 'Os outros são os culpados! Eu tenho boas intenções, não faço nada, não faço política, faço meu trabalho, sou um homem corajoso ou uma mulher corajosa'. E há, sei lá, os comunistas e os capitalistas ou os outros 'istas' que fazem tudo e que são a
casa do mal. E isso é puramente uma projeção. 
Marie-Louise diz que "para Jung, o sentido da vida humana é a tomada de consciência. Esse parece ser o objetivo da evolução". E mais esta frase para nossa reflexão: "Temos muitas escolas para preparar os jovens para a vida; não temos escolas para preparar os idosos para a morte.”