Todos os anos nos deparamos com essa narrativa: as mulheres saem para o túmulo de Jesus, caminham com passo incerto, olhar perdido e o coração dilacerado. Mas ao chegar lá e verem o túmulo vazio, invertem o rumo; abandonam o sepulcro e correm para anunciar aos discípulos um percurso novo: Jesus ressuscitou! E os espera na Galileia.
Na vida destas mulheres aconteceu a Páscoa, que significa passagem. De fato, passam do caminho triste rumo ao sepulcro para uma corrida jubilosa até junto dos discípulos, a fim de lhes dizer não só que o Senhor ressuscitou, mas que há uma meta a alcançar, a Galileia. 
Muitas vezes em nossa vida ficamos cansados e desanimados perante o mal, os conflitos que dilaceram as relações, a indiferença que prevalece na sociedade, a propagação da injustiça. Mais ainda, talvez tenhamos nos defrontado com a morte, ao nos roubar a doce presença dos nossos entes queridos e facilmente caímos vítimas da desilusão. Assim, os nossos caminhos se detêm perante túmulos e nós ficamos imóveis a chorar e nos lamentar.
Ao contrário, as mulheres na Páscoa não ficam paralisadas diante de um túmulo, mas levam a notícia que mudará para sempre a vida e a história: Cristo ressuscitou! E, ao mesmo tempo transmitem a recomendação do Senhor, o seu convite aos discípulos que partam para a Galileia, porque lá o verão.
Ir para a Galileia significa, antes de mais nada,recomeçar. Para os discípulos, é voltar ao lugar onde inicialmente o Senhor os procurou e chamou para o seguirem. É o lugar do primeiro encontro e o lugar do primeiro amor. Para nós, recomeçar e ir à Galileira significa voltar, não a um Jesus abstrato, ideal, mas à memória viva, à memória concreta e palpitante do primeiro encontro com Ele.
Nessa Páscoa, revivamos a beleza daquele momento em que, depois de ter descoberto Cristo vivo, o proclamamos Senhor da nossa vida. Voltemos à Galileia e renasçamos para uma vida nova!