Por daniela.lima

Rio - Luciano Huck está eufórico, no melhor estilo criança em dia de festa. A animação tem um motivo especial: neste mês, em que a Globo completa 50 anos, o ‘Caldeirão do Huck’ comemora 15 anos no ar. A fatia do bolo que cabe ao apresentador é bastante significativa e ele não esconde o orgulho de fazer parte dessa história. “É muito prazeroso, é bom para ter no currículo”, avalia Luciano, aos 43 anos. 

Avião de Luciano Huck, Angélica e três filhos do casal faz pouco forçado

'Não quero ser uma unanimidade. Claro que tem gente que gosta de mim e que não gosta. Se a maioria gostar, eu estou feliz'Bruno de Lima / Agência O Dia


Ao ingressar na emissora, no auge de seus 27 anos, Huck já tinha a certeza do que queria fazer na TV. Hoje, ele ri ao lembrar da cara de novinho que tinha na época. É quando ele puxa do bolso o celular e exibe uma foto ao lado de Gisele Bündchen. O registro é da primeira entrevista que ele fez com a top model, em 2000. A gargantilha que ele usava no pescoço denuncia que o clique é bem antigo. “O Luciano que está aqui não é o que estreou em 2000. Eu prefiro muito mais o Luciano de hoje. Amadureci muito. Casei, tive filhos, fui mudando algumas visões e, consequentemente, o programa vai mudando aos poucos também, tendo novos olhares, novas crenças”, explica.

Huck faz questão de enfatizar que “quem vive de passado é professor de História”, mas admite ter boas lembranças também do tempo em que debutou nas telinhas, em 1996, no programa ‘H’, na Band. “Foi uma fase anárquica muito boa. Tinha uma coisa meio subversiva, mas era legal naquele tempo, naquele formato, não funcionaria hoje em dia, até porque quem apresentava era um moleque de 20 e poucos anos”, pontua, sem esquecer de citar duas personagens que deram visibilidade à atração: Tiazinha (Suzana Alves) e Feiticeira (Joana Prado).

“Foram duas cerejas naquele bolo. Elas eram boas iscas para as pessoas verem que havia outras coisas bem legais no programa. A Tiazinha e a Feiticeira eram meninas normais, que sem aquela fantasia, você poderia levar para almoçar na casa da sua avó no domingo. Tinha uma ingenuidade coletiva que dava um charme todo diferente”, rememora. A mudança de emissora não deixou Huck desconfortável, ele garante. “Nunca fui tolhido aqui. O que regeu as fronteiras do ‘Caldeirão’ sempre foi o bom senso. Tem verdade nas coisas que a gente faz, e eu realmente tenho interesse nas histórias das pessoas. Todos da equipe trabalham muito, eu gravo todo dia. A cozinha funcionando bem, os pratos saem mais gostosos.”

E foi justamente o interesse de Luciano por histórias alheias que fez surgir no Facebook a página ‘Ajuda Luciano’, onde as pessoas costumam fazer pedidos de forma divertida. “Eu já vi algumas vezes. É uma página de humor, tem muita coisa engraçada. A gente foi atrás de alguns pedidos, e vimos que muitos não são de verdade, mas são divertidos”, alega. O sucesso que Huck faz com o público poderia até lhe render um cargo político, mas ele afirma que não “tem estômago” para a política. “Acho que não me candidataria. Óbvio que dá muita vontade de ajudar, ainda mais quando a gente vê um monte de coisa acontecendo no Brasil. Mas eu não sei se nasci para isso, não sei se eu tenho estômago, porque a política é uma coisa muito complexa. Você tem que falar mal do seu amigo, tem que competir, e não sei se consigo. Acho que já dou minha contribuição para o mundo que eu acredito”, ressalta. 

Foto que Huck guarda em seu celular com a top Gisele Bündchen%2C feita em 2000arquivo pessoal


Mas, se a política Luciano não quer enfrentar, as redes sociais ele tira de letra. As repercussões negativas que saem na web a seu respeito, ele costuma digerir bem. Recentemente, a marca de roupas UseHuck, da qual o apresentador é sócio em parceria com a Reserva, sofreu duras críticas por uma campanha acusada de fazer apologia à pedofilia. “Não adianta chorar o leite derramado. Óbvio que nem eu, nem a Reserva, nem ninguém quis fazer apologia à pedofilia. Muito pelo contrário, aquilo foi um erro de produção. Embora não tenha participação nessa parte, o erro é meu também. Errei em não ter criado mecanismos de controle eficiente”, frisa, alegando não ter tido maldade neste caso. Huck também virou assunto após falar que a atleta Lais Souza, que ficou tetraplégica, não sentiria dor ao fazer uma tatuagem. Em outro episódio, ele foi atacado após publicar em suas redes sociais, na época da Copa do Mundo no Brasil, uma chamada que foi interpretada por muitos de seus seguidores como um estímulo ao turismo sexual.

“Isso da Lais foi uma grande bobagem. A internet é terra de ninguém, e todos podem dar sua opinião. Quando você é criticado ou quando toma porrada por coisas que fizeram mal de verdade ou prejudicaram alguém intencionalmente, eu acho mais grave. Eu tomei porrada publicamente nos últimos anos por coisas que estavam além do meu controle. A internet tem dessas coisas. Não quero ser uma unanimidade. Claro que tem gente que gosta de mim e gente que não gosta. Se a maioria gostar, eu estou feliz”, reforça.
O assunto redes sociais dá pano pra manga para Luciano, que logo mostra, empolgado, o novo aplicativo Periscope, que exibe para os seguidores imagens em tempo real. “Acho a rede social importantíssima, um canal poderoso e forte. Acho que ela soma muito no trabalho”, diz. Em seguida, Luciano pega seu celular, liga o aplicativo e mostra, ‘ao vivo’, a equipe do DIA para seus seguidores, explicando que está participando de uma entrevista em comemoração aos 15 anos do ‘Caldeirão’.

Não demora muito e seu celular entra em cena novamente. Dessa vez, era Angélica (mulher do apresentador há dez anos e com quem ele tem três filhos: Joaquim, Benício e Eva) ligando. “Oi, Xão (abreviação de paixão)! Estou fazendo uma matéria e eles estão gravando tudo que eu estou falando, depois te ligo”, desliga ele, aos risos. Ao falar da mulher, Huck é só elogios. “Ela é minha parceira, companheira, e, se Deus quiser, será para a vida inteira. A gente toma o maior cuidado para proteger esse presente que a vida nos deu e evita expor as crianças”, salienta. E se engana quem pensa que na ‘família margarina’ não existem conflitos.

“Somos um casal normal, que discorda, conversa e chega a um acordo. Eu não sou uma pessoa de briga, nem no trabalho, nem na vida, nem em casa. Eu e Angélica não resolvemos nada na briga, resolvemos na conversa. Mas, obviamente, ela tem uma paciência enorme comigo e sabe me levar de um jeito bacana”, vibra. Sobre ter mais herdeiros, ele é direto: “Não quero mais. Acho que três está bom. Se a gente fosse mais jovem, talvez tivéssemos mais.”

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