Presidente do Banco Central, Roberto Campos NetoPaulo Pinto/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou sobre a autonomia da autoridade monetária em evento que discutia os 30 anos do Plano Real na II Conferência Anual do BC, em Brasília. "O Banco Central sofre asfixia financeira e administrativa que nos atrapalha muito e que é um grande problema, eu vejo isso como um grande problema, um dos grandes desafios", disse, num raro momento em que desviou do tema do debate.
A autonomia do BC já havia sido mencionada por outros ex-presidentes da autoridade monetária que participam deste evento.
Ao defender o plano Real, Persio Arida destacou a parte política, de como foi necessário um sistema democrático criar o incentivo político para estabilização da inflação. Para ele, Fernando Henrique Cardoso (que foi ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e depois foi presidente da República por dois mandatos) teve o mérito de ser capaz de explicar ao Congresso e convencer a opinião pública de que o Real era necessário.
Ele também comentou que já durante a gestão FHC havia discussões sobre a autonomia da autoridade monetária, mas que a avaliação é de que naquele momento não havia maturidade para esta mudança.
Já Gustavo Loyola disse que o Plano Real foi a consagração do BC em sua missão mais nobre, que é buscar a estabilização de preços Ele também reforçou a necessidade de garantir a autonomia plena do BC.
Tramita, no Congresso, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que amplia a autonomia do BC. Ela tem o apoio de Campos Neto, mas o governo é contrário. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que este texto não tem o aval da Pasta.