Exército ucraniano sofre com falta de soldados e atrasos na entrega de ajuda ocidentalReprodução

Combates intensos foram registrados nesta sexta-feira (10) na linha de frente da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, informou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que prometeu "destruir as forças de ocupação", que lançaram uma ampla ofensiva no nordeste da ex-república soviética durante a madrugada.

A Rússia lançou uma nova ofensiva terrestre na província de Kharkiv, nordeste da Ucrânia, país invadido por Moscou em fevereiro de 2022. A área não era alvo de ataques dessa dimensão desde a retirada das tropas russas após a contraofensiva ucraniana do outono de 2022.

"Combates intensos acontecem ao longo de toda a linha da frente", relatou Zelensky no fim do dia, acrescentando que reforços haviam sido enviados para a região de Kharkiv. "Ao longo da nossa fronteira nacional e linha de frente, destruiremos, inevitavelmente, as forças de ocupação, para frustrar as intenções ofensivas da Rússia", acrescentou.

Após o início da ofensiva, os Estados Unidos anunciaram uma nova ajuda militar milionária para a Ucrânia. Washington tenta compensar os meses perdidos em negociações no Congresso sobre um acordo de ajuda a Kiev. O bloqueio da ajuda durante meses atrasou o fluxo de armas procedentes dos Estados Unidos, e as forças ucranianas sofreram reveses no leste.

A Rússia vai intensificar sua ofensiva no nordeste da Ucrânia, mas "não prevemos grandes avanços" em terra, indicou hoje o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

Segundo o estado-maior ucraniano, a Rússia lançou cinco ataques terrestres na região de Kharkiv. Também houve bombardeios russos no local.

Zona de segurança 
Segundo uma fonte do comando militar ucraniano, Moscou busca criar uma zona de segurança nas províncias de Kharkiv e Sumy que impeça a Ucrânia de continuar bombardeando a província russa de Belgorod.

"Durante o último dia, o inimigo atacou com bombas teleguiadas a área de Vovchansk", na fronteira com Belgorod, e "até as 5h (23h de quinta-feira no Brasil) tentou romper nossas linhas de defesa com a ajuda de blindados", informou o Ministério da Defesa da Ucrânia, sem especificar o local da operação. Os ataques foram repelidos, mas continuavam ocorrendo "combates de intensidade variável, e unidades de reserva foram mobilizadas para reforçar a defesa" da região, acrescentou.

"A Rússia lançou uma nova onda de ações contraofensivas na área de Karkhiv" e a "Ucrânia respondeu com tropas, brigadas e artilharia", disse o presidente ucraniano durante coletiva de imprensa em Kiev.

Dois civis morreram em bombardeios e outros quatro ficaram feridos em Vovchansk, informou o Ministério Público. Outra pessoa morreu em um ataque aéreo na localidade de Cherkaski Tishki, norte de Kharkiv, segundo o governador regional.

A província de Kharkiv e sua capital homônima, a segunda maior cidade do país, continuam sendo um alvo importante da Rússia, que bombardeou com regularidade a região nos últimos meses, sobretudo sua infraestrutura energética. A Ucrânia temia há semanas uma nova ofensiva terrestre.

Autoridades ordenaram a retirada de civis da província de Vovchansk, informou um representante local ao veículo ucraniano Hromadske Radio.

Dificuldade no front
O Exército ucraniano enfrenta dificuldades no front, enfraquecido pela falta de soldados e por atrasos na entrega de ajuda ocidental. No fim de abril, os Estados Unidos anunciaram uma ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 321 bilhões) para a Ucrânia, que terá que esperar a assistência se materializar no campo de batalha.

A Rússia, que possui mais efetivos, armas e uma indústria de defesa mais poderosa, retomou a iniciativa após o fracasso da contraofensiva ucraniana no verão de 2023. As forças russas reivindicaram avanços territoriais nos últimos meses, principalmente no leste da Ucrânia, mas limitados e com alto custo humano.

As tropas russas avançaram principalmente no setor de Avdiivka, conquistada em fevereiro.