A invasão provocou correria dentro da Alerj e o primeiro vice-presidente da Casa, deputado Wagner Montes (PRB), chegou a ser cercado pelos manifestantes. Após a confusão, o controle de entrada foi perdido e muitas pessoas acessaram o local. Houve depredação. Algumas das pessoas que protestavam gritavam "Uh, é Bolsonaro!".
Milhares de servidores da área da Segurança Pública fazem manifestação desde a manhã de hoje na porta da Alerj. O protesto acontece contra o pacote de "maldades", apresentado pelo governo na semana passada, além do possível atraso nos salários este mês.
"Acabou o caô, isso aqui vai virar um inferno", gritam os manifestantes. Com faixas e cartazes, os funcionários criticam as duras medidas que o governo levou para votação na Alerj e pedem mais respeito às categorias.
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Entre as medidas estão a contribuição do servidor público, os cortes de cargos comissionados, aumento de impostos, suspensão de programas sociais e reajuste de salários do funcionalismo. O projeto deve começar a ser discutido no dia 16.
De acordo com o movimento Juntos Somos Mais Fortes, que reúne forças de segurança, "insatisfeitos com a falta de diálogo, as categorias deliberaram a ocupação da Casa". "Não houve arrombamento dos portões, foi consensual a entrada na Casa, praticamente facilitada pelos poucos policiais que estavam na entrada do prédio", explicaram, em nota.
"No dia 16, iniciaremos as discussões das mensagens enviadas à Alerj pelo Poder Executivo. Os prejuízos causados ao patrimônio público serão registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados", completou.
A 1ª DP (Praça Mauá) informou que um procedimento policial está sendo instaurado para investigar crime de dano ao patrimônio público ocorrido durante as manifestações na Alerj nesta terça-feira. As investigações estão em andamento para identificar os autores na extensão dos danos causados. Uma perícia está sendo realizada.
Segundo balanço da Subdiretoria-Geral de Segurança da Alerj, além da sala da vice-presidência, portas, incluindo a principal, foram danificadas. O vidro da bancada da presidência da Casa foi danificado, três armários foram arrombados e forros de cadeiras, arrancados. Quatro microfones sumiram. Apesar da constatação, manifestantes negaram ter feito as avarias.
Entre os parlamentares que saíram do plenário, estava o deputado Paulo Melo, que disse ter se sentido intimidado, pois alguns estariam armados. O deputado Wanderson Nogueira (PSOL) declarou que não viu homens armados.
Alguns aposentados participaram. “O governo quer que a gente pague a conta. E quem pagará a nossa?”, questionou a aposentada Creuza Cruz da Silva, 62 anos.
Coligação repudia ato
O presidente da Coligação de Policiais, Fábio Neira, repudiou as depredações e a ocupação do plenário. “Nossa ida até lá resumia-se a uma mobilização e entrega da carta de repúdio às medidas à presidente da Comissão de Segurança”, disse.
Por outro lado, deputados contrários ao pacote consideraram o ato legítimo. “O clima era de irritação, com razão. O pacote vai nos mais pobres”, opinou Marcelo Freixo (Psol), cujo partido se reúne hoje com economistas para estudar alternativas.
Também do Psol, Eliomar Coelho defendeu o direito de expressão dos manifestantes e reprovou a inabilidade do governo. A principal crítica do deputado é ao modo como Picciani conduz o processo. “É lamentável o que o presidente tem falado na imprensa. Ele tem que agir como magistrado, e não colocar mais lenha na fogueira”, disse.
Outro crítico do pacote, Luiz Paulo (PSDB) também reforçou a legitimidade da manifestação. “Foi muito intensa. Só não era necessário invadir as dependências”, lamentou. Partiu dele o pedido feito à Justiça que resultou na liminar concedida na noite desta terça-feira.