Rio - Os presidentes das comissões de Segurança Pública e de Economia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), os deputados Martha Rocha (PDT) e Waldeck Carneiro (PT), vão solicitar ao Executivo a criação de uma delegacia de roubos e furtos de cargas na Polícia Civil. O anúncio foi feito durante uma audiência pública realizada, na manhã desta terça-feira, em que foram debatidas medidas de combate a esse tipo de crime.
Segundo os números do Instituto de Segurança Pública (ISP) apresentados em um estudo da Federação das Indústrias do Estado (Firjan), entre 2011 e 2016 foram registrados mais de 33 mil roubos de cargas, o que representa um aumento de 220% nestes crimes, causando um prejuízo de R$ 2,1 bilhões. Ainda segundo o levantamento, a Região Metropolitana do Rio concentra 94,8% dos casos.
Para a deputada Martha Rocha, a criação de uma estrutura similar à Delegacia de Homicídios vai ajudar a reduzir esses números. "Há uma forte concentração da mancha criminal na Pavuna, Pedreira, Fazenda Botafogo, mas que também alcança São Gonçalo e algumas partes da Baixada Fluminense. Se pudermos reproduzir o mesmo paradigma da Divisão de Homicídios na Divisão de Roubos e Furtos, vamos ganhar qualidade nas investigações e ter mais eficiência", explicou a parlamentar.
Durante a audiência foram apresentadas outras 15 propostas. Representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (SindCarga) e Sindicato dos Vigilantes do Estado do Rio de Janeiro (SindiVig) pediram o aumento de penas para o envolvimento com roubo de cargas, a instalação de um posto policial na Pavuna, e o reforço do policiamento com a Força Nacional nas rodovias.
Operação conjunta
Segundo o Superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Orlando Rodrigues, mais de 40% do roubo de carga no Brasil acontece no estado do Rio de Janeiro, que hoje tem um déficit de 350 agentes. "Por isso precisamos aumentar o efetivo. Com esse número a mais na equipe da PRF no estado conseguiremos dar uma resposta mais eficiente contra a violência do que estamos dando hoje", reforçou.
No dia 26 de novembro uma operação chamada "Asfixia" reuniu 66 policiais civis, 38 policiais militares, 30 policiais rodoviários e 112 homens da Força Nacional para combater as quadrilhas que atuavam ao redor das comunidades do Chapadão e da Pedreira, zona Norte do Rio. A reedição dessa parceria foi outra proposta apresentada na audiência.
Segundo o representante da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da Polícia Civil, Thiago Dorigos, o objetivo era que a operação durasse até o carnaval. Mas, com a crise no sistema penitenciário, a Força Nacional precisou sair no mês de janeiro. Mesmo assim, os efeitos foram sentidos: Do início da "Asfixia" até o dia 6 de janeiro só foram registrados seis casos. "A ideia é que esta operação volte. Ela acarretou em uma redução significativa da violência nessa região", disse Thiago.
Participaram da reunião ainda representantes do ISP, dos Correios, da Federação dos Transportadores de Carga do Estado do Rio (Fetranscarga) e da Polícia Militar.