Por gabriela.mattos
A pequena Vanessa chegou morta ao Hospital Salgado FilhoReprodução

Rio - O secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin, criticou, nesta quarta-feira, a ação da Polícia Militar que deixou uma criança morta vítima de bala perdida, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio. Vanessa Vitória dos Santos, 11 anos, foi atingida na cabeça dentro de casa durante um intenso tiroteio na comunidade nesta terça-feira.

Benjamin se reuniu com professores, pais de alunos e representantes da Escola Municipal José Eduardo de Macedo Soares, onde Vanessa estudava, na manhã desta quarta. Para o secretário, a PM precisa alterar o procedimento de operações nas comunidades. Ele disse ainda que, até o momento, não conseguiu ter um diálogo com a PM sobre o assunto.

"Tentamos estabelecer o diálogo levando uma agenda mínima para a educação, que é não atacar os colégios, não parar os caveirões perto desses locais, não fazer operações na hora de entrada e saída dos alunos. Mas, infelizmente, essa agenda que queríamos transformar em um protocolo comum entre educação e segurança não prosperou", lamentou.

O secretário reforçou que é "inaceitável que a PM não leve em consideração a localização das escolas". "Não é aceitável que os caveirões (carros blindados da polícia) e a PM entrem atirando para todos os lados nas comunidades. Nenhuma operação como essa vale à pena. Não sei se apreenderam drogas, se alguém foi preso. Mas não vale à pena matar uma menina de dez anos por isso", enfatizou.

Benjamin completou que a polícia tem que atuar fora das favelas e que os fuzis e drogas não podem chegar às comunidades. "Esses tiroteios matam pessoas inocentes. Eu faço um apelo ao governador, ao secretário de Segurança e ao comando da PM que interrompam operações cegas, inúteis e assassinas. A barbárie não vencerá", disse.

Madrinha de Vanessa chora com o sangue da criança%2C acompanhada da avó da menina%2C aos prantosDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Em nota, a PM informou que desde a morte da jovem Maria Eduarda, em Acari, a polícia procurou a Secretaria Municipal de Educação, mas não conseguiu o contato. "A PM não obteve sucesso nem mesmo nas reuniões do Conselho de Segurança Municipal - com a participação do prefeito e do Secretário de Ordem Pública - sediadas na Prefeitura. Lamentavelmente não vemos por parte do secretário o empenho em equacionar as demandas da educação e segurança", acrescentou.

A Secretaria Estadual de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) informou que o secretário, Átila A. Nunes, receberá a família da criança, às 16h, na sede do órgão. "Ele oferecerá toda assistência jurídica, psicológica e social necessária à família", completou.

?Reportagem do estagiário Rafael Nascimento

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