Rio - Uma professora da Escola Municipal Gama Filho, que fica dentro do Complexo do Lins, teve o carro perfurado por pelo menos três tiros, na tarde desta terça-feira, durante o tiroteio que matou Vanessa Vitória dos Santos dentro de sua casa, com um tiro na cabeça. Segundo a docente, ela saía da unidade escolar quando o confronto começou e por sorte não foi atingida.
"O meu carro foi atingido por três tiros. Dois no para-brisa e uma na lataria, e dentro do carro foi achado um projetil. Um tiro atravessou o banco e foi parar no para-brisa. Eu estava indo para o carro quando começou tudo. Retornamos para a escola e ficamos esperando acabar. Quando eu fui embora é que eu vi que ele tinha sido atingido. Graças a Deus estou bem e só tivemos o prejuízo material", disse a professora Sônia Nascimento Matias.
Secretario vai à escola: 'menina na linha de tiro é inadmissível'
O secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin, esteve reunido na manhã desta quarta-feira com cerca de 70 pessoas, entre professores, diretores e funcionários de unidades educacionais do Complexo do Lins, que estão fechadas. Além da José Eduardo de Macedo Soares, está fechada a Escola Municipal Gama Filho, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI), totalizando 1.736 alunos sem atendimento.
"Temos uma missão e neste momento vamos fazer de tudo para continuar. Estamos fazendo o possível para combater a violência, ouvindo os problemas dos professores dessa região. Não podemos demonizar a polícia, porém está claro que a maneira de ação dela não vale a pena. Colocar uma menina na linha de tiro é inadmissível. O modo da atuação da PM está errado e isso precisa mudar. Nenhuma morte pode ser aceita e de modo algum uma operação da polícia pode ser feita de maneira que coloque a vida de um inocente em risco", disse o secretário.
Uma professora que pediu para não se identificar disse que os tiros começaram ontem às 15h na porta da escola quando ainda havia crianças estudando na unidade.
"Às 15h, já tinha confronto na porta da Gama Filho (escola). Eu estava com cinco crianças. O caveirão (blindado da PM) chegou atirando perto da escola. As crianças correram desesperadas e eu fiquei tentando segurá-las. Eles (policiais) não podem entrar no horário de aula. Claro que existem bandidos, mas há pessoas de bem também", contou a professora.
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento, com supervisão de Cadu Bruno