Por gabriela.mattos
Rio - O traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, foi preso durante uma operação na Favela do Arará, na Zona Norte do Rio, nesta quarta-feira. Chefe do tráfico da Rocinha, ele foi o responsável por intensos confrontos na comunidade da Zona Sul em setembro. Um dos mais procurados do estado, o traficante foi levado por 20 policiais da 12ª DP (Copacabana) e da 13ª DP (Ipanema) para a Cidade da Polícia. Depois, ele será encaminhado para Bangu 1.
Rogério 157 foi levado para a Cidade da PolíciaSeverino Silva / Agência O Dia

Os agentes contaram que o traficante foi encontrado inicialmente em uma casa que já estava sendo monitorada pela polícia. Depois, ele fugiu para a residência de uma moradora da favela, que fica a 200 metros da Cadeia de Benfica, onde o ex-governador Sérgio Cabral está preso. Rogério tentou se esconder com um cobertor em uma cama e também se identificou como Marcelo e primo da dona da casa.

Rogério 157 chefiava o tráfico de drogas na RocinhaSeverino Silva / Agência O Dia

Os policiais começaram a fazer uma série de perguntas e ele caiu em contradição. Em um dos questionamentos, um agente quis saber qual era o nome do pai da dona da casa e Rogério não soube responder. Depois, o traficante disse que "em 20 minutos resolveria tudo". Ao perceber a tentativa e suborno, um policial chamou o delegado Gabriel Ferrando, que coordenava a ação, e o criminoso foi preso.

As investigações começaram há dois meses, quando os policiais mapearam os possíveis locais onde o traficante estaria escondido. Ferrando contou que a aparência de Rogério 157 estava "um pouco diferente" e que o criminoso tentava apagar uma cicatriz no braço para impedir o seu reconhecimento.

Forças Armadas também participaram da megaoperação na Mangueira%2C no Arará%2C Mandela e TuiutiSeverino Silva / Agência O Dia

O delegado ainda elogiou a operação realizada em conjunto com as forças de segurança nesta manhã. "É uma vitória nossa diante de todas as dificuldades que passamos. A polícia continua dando seu sangue. Queria enaltecer todos os policiais que arriscam suas vidas no Rio", reforçou. Ferrando destacou que apenas um grupo pequeno de agentes cercou o local onde Rogério estava como uma forma de estratégia da ação.

O Disque Denúncia informou que havia recebido mais de 400 denúncias sobre o traficante. O Portal dos Procurados oferecia uma recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o acusado.

Rogério 157 foi levado para a Cidade da PolíciaReprodução

Secretário de Segurança Pública, Roberto Sá foi parabenizar os agentes na Cidade da Polícia. Ele lembrou que, em 2010, Rogério fez dezenas de reféns em um hotel, em São Conrado. "Depois, esse ano, ele proporcionou aquele conflito na Rocinha. Até hoje, 550 policiais militares continuam na comunidade. Passamos por dificuldades financeiras, mas a polícia nunca deixou de reagir e vai continuar em serviço da comunidade", destacou.

A delegada da 13ª DP (Ipanema), Cristina Bento, enalteceu a ação desta quarta e afirmou que o objetivo da polícia é desmanchar toda a quadrilha do tráfico. "Foi uma força-tarefa e estamos de parabéns pela prisão. Rogério chegou às 3h desta quarta no Arará e disse que não sabia que a polícia ia chegar até a favela, por ser uma comunidade pequena", explicou Cristina.

Megaoperação

Desde o início desta manhã, 2,9 mil militares das Forças Armadas apoiaram uma operação nas favelas do Arará, Mangueira, Mandela 1, Mandela 2, Barreira do Vasco e Tuiuti. A ação também teve a participação de equipes da Polícia Civil, da PM, da Força Nacional e da Polícia Federal.

Até o momento, policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreenderam 20kg de drogas embaladas em tabletes prensados, uma espingarda e um fuzil air soft na comunidade do Tuiuti.

De acordo com a Secretaria de Segurança, as Forças Armadas foram responsáveis por fazer o cerco nas comunidades em pontos estratégicos. A Rua Visconde de Niterói, na altura da Mangueira, chegou a ser interditada no início da manhã. Segundo o COR, os motoristas devem ficar atentos, já que a via pode ser fechada ainda ao longo do dia, e devem optar a Rua São Luís Gonzaga, a Avenida Radial Oeste ou a Rua São Francisco Xavier. 

O Disque Denúncia também apoiou a operação e pede informações sobre esconderijos de armas, localização de bandidos, cargas roubadas, pontos de vendas de drogas e veículos roubados. As denúncias serão levadas para o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC). O anonimato é garantido.

Disque Denúncia pede informações sobre traficantes que são alvo de megaoperação das forças de segurançaDivulgação

Os alvos da ação desta quarta são: Eduardo da Silva Barbosa, conhecido como 'Bamba', com seis mandados de prisão; Reinaldo Santos do Sena, 'Dedé da Mangueira', também com seis mandados; Jean Carlos Ramos Tomaz, o 'Beni', com quatro; João Victor Rodrigues Pereira, o 'Semente', com quatro; Brendon Rodrigues dos Santos, o 'Brendon', com oito; Luciano Sodré Fraga, o 'Buda', com apenas um.

O 'Dedé da Mangueira' é apontado como o chefe do tráfico do Morro da Mangueira. Ele também é suspeito de participar do sequestro e da morte de Alan Carlos da Silva Sílvio, que atuava como segurança da quadra da escola de samba Mangueira. O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 5 mil por informações que levem ao suspeito.
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Quase 6 mil alunos sem aula 
A megaoperação nas comunidades para prender Rogério 157 deixou 5.998 alunos sem aulas na manhã desta quarta-feira. Somente na Mangueira, no Mandela, Tuiuti, em Manguinhos e Benfica, regiões alvos da ação da polícia, foram 5.626 crianças e adolescentes que não foram às escolas.
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Na Rocinha, onde foi registrado um tiroteio assim que a prisão de Rogério 157 foi divulgada, as escolas e creches funcionaram, assim como na Barreira do Vasco, região próxima à Mangueira.
Uma escola e uma creche também não funcionaram nesta manhã por conta de tiroteio no Morro da Serrinha, deixando 372 alunos sem aula. Ao todo, não funcionaram hoje por conta da violência sete escolas, 11 creches e dois Espaços de Desenvolvimento Infantil. 
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Invasão da Rocinha
Rogério 157 foi o responsável pela guerra na Rocinha em setembro deste ano. Na ocasião, pelo menos 60 bandidos da facção Amigos dos Amigos (ADA), ligados ao traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, invadiram a comunidade para expulsá-lo. As investigações mostraram que Rogério se recusou a entregar o controle da favela novamente a Nem.