Rio - A empresa de ônibus Santa Maria, de Curicica, interrompeu suas atividades na manhã desta quarta-feira. O Rio Ônibus, sindicato que representa as companhias de transporte do município, informou que o encerramento da viação é consequência da crise financeira que tem impactado o setor.
A Santa Maria é uma das empresas mencionadas em reportagem publicada pelo DIA na semana passada que foram acionadas na Justiça do Trabalho pelo sindicato de motoristas e cobradores, no início do mês, e que correm sérios riscos de fechar.
De acordo com o Rio Ônibus, a Santa Maria tinha 380 funcionários e uma frota de 126 veículos (36 deles articulados), que operavam no sistema BRT e em linhas alimentadoras. A companhia integrava o Consórcio Transcarioca. O Rio Ônibus e a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) ainda não explicaram quais linhas faziam parte das operações da Santa Maria e como os serviços serão assumidos daqui em diante.
"O Rio Ônibus informa que a empresa Transportes Santa Maria, que integra o Consórcio BRT, interrompeu suas atividades na manhã de hoje (26/04) como consequência direta da crise financeira que tem impactado o setor de transporte por ônibus, principalmente pela decisão da Prefeitura do Rio de não reajustar as tarifas – em desobediência ao que determina o contrato de concessão assinado em 2010", informou o Rio Ônibus em nota.
O Rio Ônibus ressaltou ainda que as viações Pavunense, VG e São Silvestre também enfrentaram paralisações de rodoviários este ano, motivadas por atrasos salariais.
"Desde abril de 2015, seis empresas já encerraram suas atividades no Rio, levando à demissão de 2.400 rodoviários. Atualmente, como o Rio Ônibus tem alertado desde janeiro, pelo menos 12 empresas correm o risco de encerramento de suas atividades em razão da crise financeira, que é agravada pelo aumento do desemprego - que reduz o número de passageiros transportados. Pelo menos 5 mil rodoviários dessas empresas estão com seus empregos sob ameaça", acrescentou a associação.
A Secretaria de Transportes informou que tem contrato firmado com quatro consórcios e cada um dos deles têm a obrigação contratual de manter o serviço operando de forma contínua e adequada para a população. "A SMTR irá notificar o consórcio Transcarioca para que tome as medidas necessárias a fim de que mantenha a regularidade do serviço", disse o órgão em nota.
Empresário negocia pagamentos
O empresário Paulo Valente, dono da Santa Maria, informou que reuniões já foram feitas com os funcionários para explicar a situação e o sindicato da categoria foi convidado a ir à empresa para ajudar nas negociações. Ele estima que até semana que vem tenha uma previsão sobre um novo calendário de pagamentos.
“Se não tiver reajuste da tarifa, a situação tende a piorar. Todo o sistema está comprometido e caminha para um colapso. A prefeitura não cumpriu o contrato com as empresas de ônibus e não faz a fiscalização do transporte irregular de kombis e vans, o que só complica ainda mais o cenário, porque muitas fazem o mesmo trajeto das linhas do BRT e das alimentadoras”, afirmou Valente.