A atriz e cantora Dhu MoraesFernando Torquatto

Ela começou a carreira aos 16 anos, nos anos 70, e ficou conhecida por integrar o grupo As Frenéticas. Dhu Moraes também fez parte do grupo As Escarlates e do grupo vocal As Sublimes e participou do musical Hair. A partir de 1978, já como principal vocalista de As Frenéticas e com o sucesso Dancing Days – hino da geração disco music no Brasil, a artista fez um longo período de shows e turnês dentro e fora do território nacional.
Na televisão, atuou em diversos programas. Protagonista da minissérie Tenda dos Milagres, na Globo, gravando uma das faixas da trilha sonora, participou do remake de O Direito de Nascer, no SBT, gravando a música de abertura da trilha sonora. Atuou no Sítio do Picapau Amarelo, encarnando a adorada Tia Nastácia. Em 2018, atuou na Série do Multishow “Tô de Graça”. Atualmente está no seriado Encantados, da GloboPlay.
Este ano, pela primeira vez em 44 anos de carreira, a artista está protagonizando um show solo e inédito, com roteiro e a direção voltados para as músicas que fizeram parte da sua história e carreira. O CANTO DA DHU estreou ontem (29) e hoje (30), será a segunda apresentação, às 20h, no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea. Não por coincidência, o espaço abrigou o Frenetic Dancing Days Discotheque, casa de shows com pista dançante fundada em 1976 pelo jornalista e produtor musical Nelson Motta, lar do grupo As Frenéticas.
Com roteiro de Cecília Rangel e direção de Johayne Hildefonso, O CANTO DA DHU tem vinte e três canções é dividido em três partes: Sambas e Ancestralidade, Romântico e Popular e Tempos Dançantes. Wladirmir Pinheiro assina a direção musical.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa artista que inspira outras mulheres? Confira a entrevista completa com Dhu Moraes!
Como decidiu seguir a carreira artística?
Sempre foi um sonho desde criança. Queria ser cantora de rádio. Vivia cantando o tempo todo. Fui auxiliar de enfermagem, trabalhei em creche e em asilo. Trabalhei também particularmente como babá, bem remunerada até. Mas sempre quis ser artista.
Quais os desafios em ser mulher e artista?
Já foi muito pior. Algumas grandes e veteranas artistas de hoje, que iniciaram suas carreiras no teatro, cinema e no rádio, enfrentaram barras pesadíssimas. As famílias não viam com bons olhos a carreira de artista. Consideravam coisa menor e indigna. Com a chegada da televisão a coisa mudou. A profissão foi valorizada. A sociedade passou a glorificar os artistas e apareceram novas oportunidades, melhores salários e condições de trabalho. Entretanto, para as artistas negras, só mais recentemente estão sendo criadas mais oportunidades, gerando consequentemente maior reconhecimento.
Você se acha um mulherão?
Não me acho e nunca me achei. Se for jovem a beleza e o corpo escultural contam muito. Entretanto, quando você passa dos 35 anos, como falou a modelo, cantora e ex-primeira dama da França, Carla Bruni, a beleza é resultado da simpatia, da elegância, do pensamento, não mais do corpo e dos traços físicos. A beleza se torna um estado de espírito, um brilho nos olhos, o temperamento. A sensualidade vai decorrer mais da sensibilidade do que da aparência.
Pode deixar um recado para todas as mulheres?
Que continuem lutando para conquistar seus espaços com determinação e perseverança. Muita coisa mudou, mas muito ainda há por fazer. Combater o machismo, pois em pleno século XXI as estatísticas sobre o feminicídio são alarmantes. Combater o racismo, visto que para as artistas negras tudo se torna ainda mais difícil. Maior participação política em todas as esferas do poder e salários iguais aos homens.