Ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirmou que ainda não há nova data para o exameAgência Brasil

O Concurso Nacional Unificado, previsto para ocorrer no próximo domingo (5), foi oficialmente adiado, conforme anunciado em uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira (3) pela ministra da Inovação e Gestão do Serviço Público, Esther Dweck. A decisão de adiar o evento veio em resposta às intensas chuvas que tem afetado o estado do Rio Grande do Sul desde o início da semana e já causaram 37 mortes.
Durante o pronunciamento, Esther afirmou que a medida mais segura é o adiamento das provas. "A conclusão que tivemos hoje é que é impossível fazer a prova no Rio Grande do Sul. O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos os candidatos", disse a ministra. "A solução mais segura para todos os candidatos de todo o país é o adiamento da prova", acrescentou.
"Com o adiamento vamos garantir que todas as 2,1 milhões de pessoas tenham as mesmas condições para a realização da prova. E teremos um concurso com respaldo jurídico importante", acrescentou. Segundo Esther, decisão garante integridade dos participantes, inclusive física, em todos os lugares que seria "impossível a aplicação dos exames".
A ministra destacou que ainda não há uma nova data para a aplicação das provas. "Em algumas semanas teremos uma posição sobre as novas datas, devido à logística necessária para a realização", disse.
O ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, que é natural do Rio Grande do Sul, afirmou que a situação do estado é crítica. "O número de óbitos não para de aumentar,  assim como o número de desaparecidos e os pontos de bloqueio em rodovias. As cidades estão sem acesso à internet, sem acesso à energia elétrica, e nós já estamos sofrendo com problemas de desabastecimento", disse.
Pimenta destacou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao estado e afirmou que o governo estabeleceu as prioridades de ação. "A primeira delas é o trabalho de resgate. Muitas pessoas ainda estão ilhadas e desaparecidas. Em segundo lugar, o trabalho de restabelecimento de trafegabilidade, energia,  internet e o abastecimento de água. O combustível, a garantia do trânsito das ambulâncias e uma série de outras situações que estão criando um cenário muito difícil, muito delicado pelo nosso estado. Em terceiro lugar, é o apoio humanitário às pessoas que estão desabrigadas, o apoio aos abrigos, às prefeituras e às iniciativas comunitárias", ressaltou.
Mais cedo, o ministro afirmou que um eventual adiamento das provas custaria R$ 50 milhões. De acordo com Pimenta, o governo avaliava como dar segurança jurídica a qualquer medida para facilitar a participação de pessoas afetadas pelas chuvas em solo gaúcho no concurso.

"A garantia é que ninguém no Estado do Rio Grande do Sul será prejudicado, ninguém será impedido de participar do concurso. Se não puder fazer a prova no domingo, vamos ter que construir outra alternativa", disse Pimenta no programa Bom Dia, Ministro, da EBC.

O que vai acontecer com as provas e com os candidatos do concurso?

Na coletiva de imprensa, a ministra da Gestão disse que o objetivo é aplicar a mesma prova, ou seja, com o mesmo conteúdo, na nova data. Os papéis já tinham sido encaminhados para 65% das cidades onde o concurso vai ser realizado. O governo prometeu coletar essas provas e mantê-las em locais seguros monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O Ministério da Gestão gastou R$ 160 milhões com a contratação da Fundação Cesgranrio, banca que formulou e vai aplicar as provas. O custo deve aumentar com o adiamento da prova. A ministra, no entanto, disse que é impossível prever qual será o aumento de despesas nesse momento. De qualquer forma, o dinheiro vai sair do Orçamento da União.

Ainda será preciso verificar se todos os locais de prova estarão disponíveis em uma nova data, se as pessoas contratadas para dar apoio e fiscalizar o processo poderão trabalhar em outro dia e se realmente a prova aplicada será a mesma. Por essas razões, é impossível marcar a nova data neste momento para a realização do concurso, disse Esther.

O Ministério da Gestão, a Advocacia-Geral da União, a Defensoria Pública da União e a Procuradoria do Estado do Rio Grande do Sul assinaram um termo de acordo com o adiamento da prova.
Governo havia confirmado exame
Pela manhã, o Governo Federal divulgou que o certame estava mantido apesar da situação no Rio Grande do Sul e afirmou que estava monitorando a logística para a realização do certame no estado apesar do apelo do governador Eduardo Leite, que propôs o adiamento do concurso. O estado conta com pouco mais de 80 mil candidatos inscritos, que farão provas em dez cidades, incluindo Santa Maria e Santa Cruz do Sul, que estão entre os municípios mais afetados. 
* Com informação do Estadão Conteúdo