RebeccaDivulgação

Rio - Rebecca Alves, mais conhecida como MC Rebecca, começou a carreira no funk carioca. Nascida e criada no Morro São João, no Engenho Novo, Zona Norte, sempre esteve também acompanhada do samba, ritmo que a levou a ser "Rainha das Passistas" do Salgueiro, entre 2016 e 2019. Em 2017, a artista deu à luz Morena, e atualmente concilia a maternidade com a carreira, não só como cantora, mas também como dançarina e modelo.
Em entrevistas, Rebecca sempre expressou seu orgulho em ser negra, funkeira e em criar sua filha sozinha. Ao DIA, a cantora de 25 anos contou sobre a sua jornada, dando conselhos a outras mães que possam estar passando pelas mesmas experiências que ela já teve.
A artista descreve como a maternidade transformou sua vida, priorizando sua filha em meio às demandas profissionais e pessoais. Encontrar equilíbrio entre sua carreira musical e a responsabilidade de criar Morena tem sido um desafio, como ela mesma diz, mas destaca a importância da organização e do apoio de uma rede de pessoas.
"Me tornar mãe foi a maior transformação que já experimentei na vida. É uma experiência linda, mas também exige muita força e adaptação. Tudo gira em torno dela, e isso me ensinou a ser mais organizada e paciente. Ser mãe solo me proporciona momentos gratificantes todos os dias. Ver a minha filha crescendo, aprendendo e se tornando uma pessoa amável, inteligente e independente é a maior recompensa que posso ter. Também sempre me emociono com o apoio que ela me dá, sem a Morena nada disso seria possível", define.
Rebecca enfrenta diversos desafios como mãe solo na indústria da música, desde conciliar horários até lidar com preconceitos e a falta de apoio. No entanto, ela se mantém focada no lado positivo, buscando inspiração na maternidade para criar músicas empoderadoras e transmitir mensagens de liberdade e força para as mulheres.
"Encontrar o equilíbrio é um desafio para todas as mães, acredito que estar inserida no meio musical também dificulta bastante, principalmente por conta dos horários. Mas hoje conto com uma rede de pessoas que me ajudam a cuidar da Morena, além da sorte de ter uma filha muito consciente, que não apenas entende, mas está presente na minha carreira. Desde pequena, ela demonstrou muito interesse pela área artística, então sempre que possível, levo ela nos compromissos comigo", comenta a funkeira, que ressalta a organização como ponto fundamental para a rotina.
"Isso ajuda a planejar o tempo e otimizar os compromissos. A maternidade me influencia em todas as áreas da minha vida. Depois do nascimento da minha filha, eu passei a ter uma nova perspectiva sobre a vida e o mundo. A Morena me motiva a criar músicas que transmitam mensagens que falem sobre a liberdade da mulher, porque meu desejo é que ela cresça entendendo a força e o poder que possui para ser quem ela quiser", explica.
Empoderamento materno

Para outras mães solteiras, Rebecca aconselha não desistir e buscar apoio, além de celebrar cada conquista. Ela reconhece o estigma em torno da maternidade solo na sociedade e na indústria musical, mas evidencia o valor de lembrar que essa escolha é válida e que as mães que criam seus filhos sozinhas são capazes e fortes. 
"É difícil encontrar tempo para tudo, entre cuidar da Morena, trabalhar nas músicas, shows, entrevistas e outras responsabilidades. Com tudo isso, infelizmente, ainda existe quem julgue as mães solo, achando que não somos boas ou que não conseguimos cuidar dos filhos sozinhas. Mas sempre busco focar apenas no lado positivo. As mães solteiras são julgadas e subestimadas, diminuídas a todo custo. Precisamos sempre provar que somos capazes e que temos competência para cuidar dos nossos filhos. É importante lembrar que a maternidade solo é uma escolha válida, e que nós somos, sim, capazes e fortes", argumenta.
Quanto ao racismo e à bissexualidade, Rebecca é consciente dos desafios e procura abordar esses temas de forma adequada com sua filha, de 6 anos, incentivando o respeito, a confiança e o empoderamento. A sua resiliência e positividade vêm do amor por Morena e pela música, além do apoio que recebe da Morena.
"Sou muito consciente dos desafios que já enfrentei e ainda enfrento. Sempre considerei muito importante ter conversas honestas com a minha filha sobre racismo e discriminação para que ela não passe por tudo que passei. Para que entenda que é linda, que tem que se amar exatamente do jeitinho que é. Procuro abordar esses temas de uma maneira adequada à sua idade, porque apesar dela ser muito esperta, ainda é novinha. Ensino sempre a ser respeitosa, confiante e empoderada, além de abordar também a importância da diversidade, para que ela cresça com uma mente aberta e acolhedora", lista.
Rebecca se inspira em mulheres fortes que enfrentam desafios, como Beyoncé, e diz agradecer diariamente em poder ver sua filha crescer e se desenvolver. Ela acredita que a sociedade pode oferecer mais apoio às mães solteiras na indústria da música e em geral, promovendo inclusão, igualdade de oportunidades e respeito. 
"Para as mães que estão enfrentando desafios, eu diria que não desistam. A jornada da maternidade solo é complexa, é difícil, mas o amor de um filho é extremamente gratificante. Sei que muitas vezes, nos culpamos, nos cobramos excessivamente, mas é importante lembrar que estamos fazendo o possível. Não hesitem em buscar apoio, sejam gentis consigo mesmas e celebrem cada conquista, por menor que seja. Acreditem no seu potencial e na força que existe dentro de vocês. Sabemos que é muito difícil para uma mãe solo conseguir emprego e isso é por conta do preconceito que há. O respeito já seria um grande passo e ele deve começar por nós mesmas", conclui.