Anúncios espalhados pela cidade oferecem revisão de aposentadoria. Não caia nessa. É fraude - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Anúncios espalhados pela cidade oferecem revisão de aposentadoria. Não caia nessa. É fraudeDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por MARTHA IMENES

Rio - O aposentado do INSS que deu entrada no pedido de revisão do benefício no posto do INSS e 30 dias depois obteve resposta negativa pode encontrar nos Juizados Especiais ou nas Varas Federais a resolução para seu pleito. Mas antes de entregar a documentação a um advogado desconhecido, especialistas recomendam cautela para não ser enganado. Em 19 de novembro, por exemplo, O DIA alertou sobre o risco de sucessivos golpes aplicados em aposentados. Faixas e cartazes espalhados pela cidade oferecem facilidades para revisão de benefícios e até para conseguir aposentadoria.

"Não caia nessas ofertas, normalmente são fraudes", diz Herbert Alencar, do escritório Cincinatus e Alencar.

E a onda crescente de golpes fez acender a luz amarela na Secretaria de Previdência Social, que criou uma força-tarefa composta por membros da própria pasta, da Polícia Federal, da Advocacia-Geral da União (AGU), da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF). O objetivo, informou à época o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, era o de identificar e combater todo e qualquer início de fraude contra os cofres do INSS.

CONSULTA À OAB

Por conta disso, o aposentado precisa ficar com a atenção redobrada para não ser vítima de golpe. "É importante verificar se o profissional indicado ou escolhido pelo aposentado para dar entrada no processo é realmente inscrito na Ordem (dos Advogados do Brasil)", diz Alencar, que também é presidente da Comissão Previdenciária da OAB Barra.

"Um especialista em Direito Previdenciário fará os cálculos para que o aposentado saiba se realmente tem direito à revisão e de quanto será o aumento", explica. Alencar orienta ainda os aposentados a verificarem a procedência do profissional para não serem enganados.

"O advogado conhece a legislação e está sob supervisão e controle ético da OAB. Caso, o segurado se sinta prejudicado pode representar contra esse profissional na Ordem", diz Herbert Alencar. Segundo o especialista, a prática (de oferecer serviço) é punida pela entidade. "Muitos que colocam anúncios são despachantes", adverte.

Um outro ponto destacado é a entrega de documentos pessoais. "Ao entregar os documentos pessoais a uma pessoa desconhecida, o trabalhador fica muito vulnerável e pode ser vítima de todo tipo fraude", alerta a advogada Ana Carolina Rivas.

Golpistas fazem anúncio em muros
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Ao percorrer alguns bairros da Zona Norte em novembro do ano passado, a equipe do DIA flagrou vários anúncios de "aposente-se", todos identificando serviços oferecidos no INSS, inclusive revisão de benefício. A reportagem ligou para os contatos indicados. Em um, quando perguntado de onde era, a atendente simplesmente bateu o telefone e não atendeu mais.
Em outro, a pessoa não se identificou mas informou que se tratava de uma ONG e que para ser atendido pelo "doutor Paulo", o sobrenome também não foi fornecido, era necessário levar um quilo de alimento não perecível. "Menos fubá e sal", disse a recepcionista. Já em um terceiro número de telefone, uma atendente que disse prestar assessoria previdenciária, informou que era preciso levar todos os documentos para que ela avaliasse se há condições de dar entrada no pedido do benefício.
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Houve também o caso do "senhor X", que ligou para o anúncio da foto da página e foi orientado a entregar os documentos à suposta advogada para que ela convertesse seu auxílio-doença (ele foi vítima de bala perdida) em aposentadoria por incapacidade. O custo do processo seriam três meses do benefício.
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Esquema envolve envio de cartas
Um esquema complexo de golpistas e fraudadores da Previdência indica que foram investidos tempo e dinheiro para preparar todo aparato afim de tentar ludibriar o maior número de aposentados e pensionistas do INSS.
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Em alguns casos, eles alugam salas comerciais, e em outros se estabelecem como Organizações Não Governamentais (ONGs) ou até mesmo em imóveis residenciais. Afinal, o objetivo é arrecadar algum dinheiro às custas de trabalhadores e aposentados.
"O esquema conta ainda com a compra de dados com informações de aposentados, pensionistas, servidores públicos inativos e militares reformados com rendimento alto", informa o coordenador da força-tarefa previdenciária, Marcelo de Ávila.
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De posse dos dados, os fraudadores enviam cartas pelos Correios oferecendo revisão de benefício, pagamento de atrasados, entre outros.
As dicas para não cair no golpe são: verificar se tem direito à revisão, não ir sozinho ao escritório que oferece a facilidade e procurar a ajuda de um advogado de confiança.
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