A escritora Clarice Lispector - Arte: Kiko
A escritora Clarice LispectorArte: Kiko
Por Bete Nogueira
Antecipamos aqui que, em dezembro deste ano, será o centenário de nascimento da encantadora de leitores Clarice Lispector, dona de um rol de admiradores que se renova a cada geração. Ela nos deixou em 1977, mas está bem viva. Às vezes, até se multiplicando: vez por outra, pipocam frases nas redes sociais de outros autores, mas atribuídas a ela. E vira quase uma chancela: 'Se é Clarice, é bom'.
Quem já leu (a autêntica), ama. E para quem (ainda) não leu, dê uma chance a essa brasileira nascida na Ucrânia, que passou a infância em Maceió e Recife e se tornou adulta no Rio, onde se aventurou em jornais como cronista e contista e lançou livros de diversos estilos, do romance ao infantil. Pronto! Já não pode dizer que não sabe nada dela!
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Entre seus livros mais famosos, estão os romances 'Perto do coração selvagem', seu livro de estreia; 'A hora da estrela', que virou filme, assim como 'A Paixão segundo G.H.; os livros de contos 'A legião estrangeira' e 'Felicidade clandestina'; 'Para não esquecer', conjunto de crônicas, e o infantil 'Como nasceram as estrelas'.
Clarice é admirada por seus romances psicológicos, textos às vezes melancólicos ou de uma sinceridade que é difícil não se identificar, como na crônica 'Mal-estar de um anjo', em que a protagonista presta um favor para uma mulher mas depois, por irritação, faz uma pequena maldade e se sente triunfante. Ou a história da menina que admite que adora roubar, nos quintais da vizinhança, rosas e pitangas, crimes que, para ela, merecem 'Cem anos de perdão'.
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Influências
Ivan Costa, dono do sebo Belle Époque, conta que os livros de Clarice não esquentam lugar nas prateleiras: mal chega um, já aparece um comprador
Ivan Costa, dono do sebo Belle Époque, conta que os livros de Clarice não esquentam lugar nas prateleiras: mal chega um, já aparece um compradorArquivo pessoal
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Você conhece muitas Clarices? Procure saber: quase todas vão contar que têm esse nome em homenagem à escritora. O casal Amanda Carreira e Gabriel Ferreira foram além. A filha deles, de um aninho, entrou no time de Clarices. E em junho deste ano, o casal iniciou um sebo virtual batizado de 'Felicidade clandestina', nome de um dos contos mais queridos de Lispector, que conta a história de uma menina que sonhava em possuir um livro de Monteiro Lobato, mesmo que emprestado. E Amanda comenta que os livros da autora, assim que chegam, são vendidos rapidamente.
Essa procura constante por suas obras também acontece na Belle Époque, que vende livros e discos usados. O dono da Belle, Ivan Errante Costa, tirou uma foto rapidinho pra gente, ostentando uma edição de 'Perto do coração selvagem', antes que algum fã mais ardoroso já quisesse fechar negócio.
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Taí duas opções de sebos, uma forma barata para conseguir ler (ou ler mais um) Clarice. No Instagram, está o @felicidadeclandestina.sebo. E na Rua Soares, 50-A, no Méier, está a Belle Époque, por enquanto no horário reduzido das 11h às 17h. Mas dá pra comprar também pelo Facebook ou Instagram @belleepoquediscoselivros. No grane Méier, tem entrega de bike. Para outros lugares, o de praxe: Correios.
Frases
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"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada."
"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

"Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho."

"Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa qualquer entendimento."