Por thiago.antunes

Brasília - Depois de se reunir com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), no Rio, o vice-presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira que enviou de maneira equivocada áudio no qual antecipou discurso sobre vitória no impeachment. E argumentou que, independentemente do que ocorra na votação de domingo, ele continuará sustentando o mesmo discurso da gravação.

Temer explicou que, a pedido de companheiros do partido, gravou discurso que poderia fazer caso o pedido de afastamento de Dilma fosse aprovado no plenário da Câmara. Mas na hora de repassar para um amigo acabou enviando a um grupo de parlamentares.

No áudio enviado à bancada do PMDB, Michel Temer antecipa discurso sobre vitória do impeachment Marcelo Camargo / Agência Brasil

Na avaliação de Temer, seu discurso não irá influenciar no resultado da votação do plenário da Câmara. Ele aproveitou para fazer uma provocação ao ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, que chamou o vice “golpista”. “Não vou responder, certas afirmações não merecem a honra da minha resposta”, reagiu. Para Berzoini, o discurso de Temer “revela a trama golpista que o vice e sua turma vêm demonstrando há semanas”. 

Trapalhada ou plano maquiavélico?

Mais uma trapalhada ou um plano maquiavélico ? A dúvida que rondou Brasília nesta segunda-feira surgiu com a divulgação, pela ‘Folha de S. Paulo’, de um discurso do vice-presidente Michel Temer enviado a parlamentares do PMDB. Na gravação de quase 15 minutos, Temer disse que, "aconteça o que acontecer", é preciso se construir um governo de "salvação nacional". Ele alertou ainda que haverá “sacrifícios” para retomar o crescimento.

"Aconteça o que acontecer no futuro, é preciso um governo de salvação nacional e, portanto, de União nacional. É preciso que se reúna todos os partidos políticos e todos os partidos políticos estejam dispostos à colaboração para tirar o país da crise”, afirmou o vice. No áudio, ele disse que, “sem essa unidade nacional, penso que será difícil tirar o País da crise em que nos encontramos".

"Vamos ter muitos sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios, não conseguiremos avançar para retomar o crescimento e o desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso país nos últimos tempos antes desta última gestão", afirmou Temer, ao lembrar que é o “substituto constitucional’ de Dilma.

Michel Temer afirma que, assumindo a Presidência, manterá programas sociais como Bolsa Família, Pronatec e Fies. "Sei que dizem de vez em quando que, se outrem assumir, vamos acabar com Bolsa Família, vamos acabar com Pronatec, vamos acabar com Fies. Isso é falso. É mentiroso e fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do País. Portanto, neste particular, quero dizer que nós deveremos manter estes programas e até, se possível, revalorizá-los e ampliá-los", afirmou.

Temer diz, no entanto, que o Bolsa Família será um programa de transição em seu eventual governo. “Há de ser um estágio do Estado brasileiro. Daqui a alguns anos, a empregabilidade tenha atingido um tal nível que não haja necessidade de Bolsa Família. Mas, enquanto persistir a necessidade, manteremos”, disse.

Vice na berlinda

O advogado mineiro Mariel Márley Marra ajuizou um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a cumprir em 24 horas a liminar que determinou que o congressista dê seguimento ao processo de impeachment do vice-presidente da República, Michel Temer, sob pena de multa diária de R$ 3 milhões.

Marra afirma que, desde a decisão do ministro Marco Aurélio Mello sobre o assunto, na terça-feira passada, Cunha vem manobrando para tentar frustrar ou retardar o cumprimento da decisão. O advogado alega que a postura do presidente da Câmara constitui ato de improbidade administrativa.

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