Por tiago.frederico

Brasília - Uma vez acolhida a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, a pressão de grupos organizadores de manifestos de rua pró-impeachment se voltará para o Senado, responsável pela abertura ou arquivamento do processo. Na Casa, o foco será o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), responsável pela condução do processo, além de senadores que se declaram indecisos ou contra o impedimento.

"Agora a pressão é total em cima de Renan", disse um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Renan Santos. A intenção é fazer com que o peemedebista conduza o processo com celeridade para que a votação na Casa aconteça próximo ao dia 11 de maio.

A pressão, segundo Santos, será de baixo para cima, a partir de Alagoas, Estado natal do presidente do Senado. Prefeitos da base de apoio de Renan e de seu filho, o governador de Alagoas Renan Filho, serão provocados por integrantes do movimento a engrossarem a pressão por um processo rápido. "Kim (Kataguiri, outro coordenador nacional do movimento) inclusive vai a Alagoas para pressionar", disse.

Além disso, os grupos pró-impeachment pretendem transferir para os senadores as mesmas ações que fizeram junto aos deputados. Aqueles que tomarem posição publicamente contra o impeachment e os que se declararem indecisos deverão ter seus nomes, telefones e e-mails divulgados nas páginas dos grupos pró-impeachment na internet e diretamente aos seus seguidores via grupos de WhatsApp. A ideia, segundo um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, é constranger e fazer os senadores votarem pelo afastamento da presidente.

Há também a proposta de criar um Comitê pró Impeachment nos moldes do que funcionou na Câmara no período que antecedeu a votação na Casa. Composto por deputados e representantes dos movimentos organizadores de atos de rua pró-impeachment, o Comitê foi implantado em fevereiro deste ano para integrar as ações de rua com as do Congresso.

"Vamos transferir a pressão para os senadores e a partir de agora ir às bases dos indecisos, como fizemos com os deputados", disse. O MBL pretende marcar uma grande manifestação de rua para a data da votação no Senado, estimada para o início de maio.

"Ainda temos de passar pela aceitação do Senado. Acreditamos que os senadores vão votar contra a corrupção e a favor do impeachment", disse Malu Guido, da organização do Vem pra Rua. "Amanhã todo mundo volta ao trabalho, mas vamos voltar quando for para o Senado e sempre que for necessário", afirmou.

O porta-voz do Vem pra Rua, Júlio Lins, avaliou que a pressão, agora, será para que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, conduza o processo em duas sessões. "O presidente do Senado disse que quer fazer em dez, mas vamos pressionar para ser em duas", comentou.

Comemoração

Os manifestantes pró-impeachment assistiram à votação na Câmara em Brasília em clima de torcida organizada. Desde o começo do dia, o "Mapa do Impeachment" e o "Muro da Vergonha" foram os dois pontos de encontro que mais atraíram os manifestantes pró-impeachment que chegavam ao lado sul da Esplanada dos Ministérios.

Manifestantes tiravam ainda selfies com plaquinhas nas mãos que foram sendo distribuídas na Esplanada com os dizeres "Tchau, querida".

A cada voto de sim, exibido em telões instalados na rua, o lado direito da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ocupado pelos movimentos contrários ao governo, gritavam, apertavam buzinas e batiam tambores.

Os votos não eram acompanhados de sonoras vaias. Quando era anunciada uma abstenção os manifestantes chamavam o deputado de "vendido".

Em São Paulo, a avenida Paulista, local onde foram realizadas as maiores manifestações pró-impeachment, carros de som exibiam a votação ao vivo. A música mais tocada provocando risadas e aplausos dos manifestantes, foi uma versão de "Bye, bye, tristeza", canção que ficou famosa com a cantora Sandra de Sá. O refrão ficou "Tchau, tchau, querida".

A versão dos ativistas faz referência ao grampo telefônico da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgado com a autorização do juiz federal Sérgio Moro. Na conversa, o petista se despede da chefe de Estado com um "tchau, querida". A frase também está em cartazes e camisetas de manifestantes.

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