Brasília - Imediatamente após o voto que aprovou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, o ministro-chefe do Gabinete, Jaques Wagner, distribuiu uma nota afirmando que esta decisão foi um "retrocesso" e "ameaça interromper 30 anos de democracia no País".
Na nota, o ministro acrescenta ainda que "caberá ao Senado processar e julgar a presidente Dilma" e que o governo "confia" nos senadores. O ministro declarou ainda que Dilma "continua no cargo até o final do julgamento". Para o ministro, "foi uma página triste virada pelos deputados que concordaram com argumentos frágeis e sem sustentação jurídica do relatório do deputado Jovair Arantes".
A rápida reação do ministro, que esteve ao lado da presidente Dilma durante todo o dia, no Palácio da Alvorada, afirmou ainda que se espera que a presidente tenha melhor direito de defesa no Senado. O objetivo foi dar uma resposta imediata ao que o governo tem chamado de "golpe". "Esperamos que seja dada maior possibilidade para que ela apresente sua defesa, e que lhe seja aplicada justiça", prosseguiu. "Acreditamos que o Senado, que representa a federação, possa observar com mais nitidez as acusações contra a presidenta, uma vez que atingem também alguns governadores de Estado".
Wagner disse que a decisão da Câmara é um retrocesso "porque se trata de um impeachment orquestrado por uma oposição que não aceitou a derrota nas últimas eleições, e que não deixou a presidenta governar, boicotando suas iniciativas e a retomada do desenvolvimento do País".
O ministro Wagner encerrou sua nota dizendo que os deputados, ao aprovarem o prosseguimento do impeachment, "fecharam os olhos às melhorias dos últimos 12 anos, aos avanços, à inclusão social, aos índices históricos de crescimento econômico e à redução da pobreza".
Quando a votação for encerrada, o ministro chefe da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, dará entrevista em nome do governo, no Palácio do Planalto. Cardozo também passou o dia no Alvorada com Dilma.