Por lucas.cardoso
Brasília - A saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo, na manhã desta sexta-feira, repercutiu entre parlamentares da oposição e da base de apoio ao governo no Congresso Nacional. Geddel era responsável pela articulação entre o governo e o Congresso.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que vai protocolar um pedido de impeachment do presidente Michel Temer na próxima segunda-feira, por considerar que o episódio envolve o chefe do governo em crime de responsabilidade. Para Lindberg, o presidente pressionou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para que este liberasse a construção de um edifício de alto padrão em Salvador no qual o ministro Geddel adquiriu um imóvel.
Temer e Calero na posse do ministro%2C em maio%3A o próprio presidente teria ficado ao lado de Geddel antes de receber o pedido de demissãoAgência Brasil

“Vamos entrar com pedido de impeachment porque houve crime de responsabilidade, tráfico de influência, ele desmoralizou a instituição da Presidência da República”, disse o senador, acrescentando que está conversando com movimentos sociais e representantes da sociedade civil sobre o pedido.

Enquanto discursava no plenário, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) falou sobre a saída de Geddel e disse que o governo vive uma crise que pode prejudicar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que cria um limita para os gastos públicos pelos próximos 20 anos, e tem votação prevista para a próxima semana.

“Temos duas grandes tarefas para a próxima semana. A primeira é impedir que a PEC seja discutida e votada na terça-feira [29]. Antes de se resolver essa crise que envolveu a Presidência da República, não há condições de discutir uma matéria de tal implicação para o povo brasileiro. A segunda [tarefa] é discutir com nossos pares e iniciar aqui procedimentos para que o Brasil tenha eleições diretas para a sucessão de Michel Temer”, disse Gleisi.

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Base aliada
Antes de abandonar pasta, Renan Calheiros e Rodrigo Maia ainda apoiavem GeddelValter Campanato / Agência Brasil

Na opinião do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o presidente Temer não exerceu qualquer pressão sobre o ex-ministro Marcelo Calero, para favorecer Geddel no episódio. “Não vejo dessa forma. Li nos jornais que o presidente da República sugeriu que esse processo fosse encaminhado para a AGU [Advocacia-Geral da União] para dirimir as dúvidas que pudessem existir ali. Se o presidente tivesse feito uma determinação para que se pudesse resolver o problema, seria diferente”, afirmou Aécio, ao participar de um evento do PSDB na Câmara dos Deputados.

Sobre as informações de que o ex-ministro da Cultura teria gravado uma das conversas que teve com Temer, o senador disse também que seria um fato “extremamente grave” e “inaceitável”. “É passível de punição um servidor público entrar no gabinete do presidente, num cargo de confiança, e gravar o presidente”, afirmou Aécio. O senador ressaltou, porém, que, tanto ele quanto o PSDB entendem que o episódio não atinge o presidente da República.

Para o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a saída de Geddel não vai dificultar a pauta de votações de interesse do governo no Congresso. “As votações não serão prejudicadas, uma vez que aquilo que o governo propôs e está tramitando aqui no Senado é aquilo que corresponde às necessidades do país e que tem o apoio não apenas do Senado, mas da população brasileira. É importante avançarmos num caminho de reformas sob pena de não sairmos da crise que estamos vivendo”, afirmou o líder do governo.