Minas Gerais - Bruno Fernandes afirmou que a prisão perpétua não traria sua ex-namorada, Eliza Samúdio, de volta. O goleiro condenado a 22 anos e 3 meses de prisão deu a declaração na sua primeira entrevista à TV Globo Minas, após ser solto na noite desta sexta-feira.
"Eu queria deixar bem claro, se eu ficasse lá, tivesse prisão perpétua, por exemplo, no Brasil... não ia trazer a vítima ( Eliza Samúdio) de volta", revelou o jogador na entrevista. Ele ainda ressaltou aos repórteres que pagou pelo seu "erro". "Paguei, paguei caro, não foi fácil", declarou ele.
O goleiro disse ainda que não mudaria nada do seu passado. "Eu não apagaria nada. Isso serve pra mim de experiência, serve como aprendizado e não como punição", disse. "Por mais que eu não tivesse passado por certas situações como eu passei, talvez eu não daria tanto valor à vida hoje", concluiu o atleta.
Sobre o futuro, o jogador revelou a vontade de retomar a carreira profissional. “Eu quero deixar bem claro que eu vou recomeçar. Não importa se seja no futebol, não importa se seja em outra área profissional, mas como eu vou estar na área do futebol, é o que eu almejo pra mim”.
A defesa de Bruno conseguiu no último dia 21 o habeas corpus para que o atleta fosse libertado. A decisão partiu do ministro Marco Aurélio Mello. No pedido de habeas corpus, a defesa de Bruno alega que o goleiro, preso há quase sete anos, não teve analisado, até o momento, recurso contra seu julgamento, ocorrido em 2013, pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Bruno deixou a Apac com a mulher, Ingrid Calheiros, e advogados.
Relembre o caso
Eliza Samúdio, que na época tinha 25 anos, desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi encontrado. Naquela época, ela era amante do goleiro e mãe do filho recém-nascido de Bruno. Ele era o goleiro titular do time do Flamengo.
Além de Bruno, outros cinco réus foram condenados pela morte de Eliza. Em setembro de 2015, ele foi transferido do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais, para o Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia.
A transferência, que foi pedida pelo próprio atleta, foi determinada pela Justiça e autorizada pela juíza da Comarca de Santa Luzia, Arlete Aparecida da Silva Coura. Antes da liberação, a juíza analisou o histórico de conduta de Bruno durante o período em que ele esteve preso. No novo local, o ex-goleiro podia participar de atividades e oficinas de socialização.