Brasília - Enquanto as pesquisas eleitorais seguem mostrando um cenário desfavorável para todos os candidatos que têm proximidade com o governo Michel Temer, o presidente persiste em suas iniciativas de marketing para tentar viabilizar seu nome para um novo mandato no Planalto. Ontem, em entrevista a uma rede pública de televisão (NBR), o emedebista sinalizou que uma decisão final será tomada até julho.
Ao ser perguntado sobre a recepção hostil que teve quando foi até o prédio que desabou em São Paulo, Temer negou que esse fato pudesse interferir em sua decisão. "Olha, não seria este fato que me faria desistir de reeleição", disse. "Eu estava em São Paulo, achei que seria falta de autoridade eu não comparecer para prestar solidariedade".
Temer admitiu, no entanto, que poderia desistir da disputa caso as candidaturas identificadas como de esquerda (como as de Lula, pelo PT, e Ciro Gomes, pelo PDT) e de direita (como a de Jair Bolsonaro, do PSL) se mantenham na dianteira das pesquisas, sem que um candidato de 'centro' sobressaia. "Posso não ir para a reeleição na medida que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos (...) E eu vejo que no chamado 'centro' tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil, porque você tem que fazer com que o eleitor faça as suas opções, você tem alguém que representa a extrema-direita, outro que representa extrema-esquerda, tem que ter alguém que represente o centro". E dando o prazo, completou: "Isto vai até julho, não é?".
Temer tenta se viabilizar como candidato do MDB, que tem ainda como pré-candidato o ex-ministro Henrique Meirelles - nenhum dos dois aparece com mais de 2% nas pesquisas. O 'centro' tem como pretendente mais bem posicionado o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que não chega a 10% nos cenários captados pelas pesquisas e tenta obter o apoio do partido do MDB, apesar do risco de herdar a impopularidade de Temer.
Enquanto isso, outros dois candidatos do 'centro', o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), candidatos também patinando nas pesquisas, começam a discutir uma aliança na disputa presidencial. A ideia é ocupar o espaço do 'centro' e isolar PSDB e MDB.