Concurso da PM cobra masculinidade de candidatos e gera polêmica  - Reprodução
Concurso da PM cobra masculinidade de candidatos e gera polêmica Reprodução
Por O Dia

Curitiba - O concurso para cadetes da Polícia Militar do Paraná tem a masculinidade entre os 72 critérios de avaliação psicológica aos interessados em uma das 16 vagas com salários de até R$ 9,5 mil. Segundo o edital da corporação, masculinidade é descrita como a “capacidade de o indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.

Homens e mulheres, com até 30 anos, podem concorrer às vagas homens e mulheres. Porém, o número de vagas preenchidas por mulheres não pode ultrapassar 50% do total, em respeito à Lei Estadual nº 14.804/2005.

Ainda de acordo com o edital do concurso, a “masculinidade” deve ser apresentada em um grau maior ou igual a “regular”.

A Aliança Nacional LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Intersexuais) publicou uma nota de repúdio ao edital. Segundo as entidade, a exigência de “masculinidade” desconsidera a possibilidade de mulheres se candidatarem às vagas e tem caráter discriminatório.

"Entendemos que a exigência, entre diversos equívocos, desconsidera a possibilidade de mulheres candidatas a cadete, ou quer que elas também tenham características de “masculinidade”, e que, portanto, é um retrocesso discriminatório e permeado por machismo, chauvinismo, patriarcalismo, sexismo, binarismo de gênero, heteronormatividade... Fere a Declaração Universal de Direitos Humanos e a Constituição Federal Brasileira no que diz respeito à igualdade de todas as pessoas", disse a Aliança Nacional LGBTI+ em nota. 

A entidade ainda pede a atuação do Ministério Público do Paraná para que o Edital seja revogado "e  substituído por um que esteja livre de aspectos que reforcem as desigualdades e injustiças presentes na sociedade atual". 

No início desta noite, a PM emitiu um texto sobre os testes psicológicos. Leia na íntegra abaixo:

"A Polícia Militar do Paraná em nenhum momento tem adotado posturas sexistas, discriminatórias e machistas. A Corporação destaca que depois de 164 anos de

instituição tem uma mulher no Comando da Corporação, o que mostra a postura

da PM em não fazer diferenciação de gêneros.

A Corporação informa também que entrou em contato com o autor do

instrumento psicológico adotado, o Dr. Psicólogo Flávio Rodrigues Costa, o qual

esclarece que a testagem, questionada na matéria jornalística, não tem conotação

de diferenciação de gênero, sexo ou qualquer forma discriminatória.

O autor lembrou ainda à PM que o teste foi aprovado e validado pela comissão

que avalia os instrumentos de avaliação existentes no mercado. O autor reforçou

também que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) jamais validaria o teste caso

ele fosse discriminatório e se não atendesse todos os requisitos de respeito à

dignidade da pessoa humana. O autor informou ainda que o mesmo instrumento já

foi utilizado em outras instituições de segurança pública.

Por fim, a Polícia Militar do Paraná esclarece que está promovendo o ajuste no

termo que gerou a polêmica, para 'enfrentamento', sem prejuízo à testagem

psicológica necessária à definição do perfil profissiográfico exigido para o militar

estadual".

 

 

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