Rio - A deputada federal eleita Carla Zambelli (PSL-SP) vai precisar pagar uma indenização por danos morais de R$ 40 mil ao futuro colega Jean Wyllys (Psol-RJ). A associação Brasil nas Ruas, fundada por ela e da qual é presidente, foi condenada por uma postagem que vincula o parlamentar à pedofilia, atribuindo a ele, uma declaração que nunca deu. Ela nega que tenha responsabilidade sobre a publicação e diz não ter dinheiro para arcar com o prejuízo. Por isso, a associação criou uma vaquinha online, que já arrecadou R$ 24.650,00, o que corresponde a 61% da meta.
No Twitter, o deputado Jean Wyllys ironizou o pedido de ajuda financeira para a parlamentar. "Tem gente que me detesta e está contribuindo com uma vaquinha que servirá para me dar dinheiro? Freud explica!", escreveu.
Tem gente que me detesta e está contribuindo com uma vaquinha que servirá para me dar dinheiro?
Freud explica! Ahahahahahaha pic.twitter.com/LnU3jgmMPx
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 8 de janeiro de 2019
O motivo da condenação, segundo o deputado, foi a publicação de uma foto dele com a frase "A pedofilia é uma prática normal em diversas espécies de animal e anormal é seu preconceito”, sugerindo que a declaração fosse dele, o que é falso.
Em um vídeo, Carla respondeu o deputado. Ela disse que doará o valor excedente arrecadado para crianças com Atrofia Muscular Espinal e o desafiou a fazer um exame toxicológico. "Espero que você tenha a hombridade de fazer o mesmo com o que receberá. Quem sabe pelo menos uma vez possamos nos orgulhar de UMA boa atitude sua", escreveu em outra publicação.
DESAFIO ao Jean Wyllys e uma satisfação para meu público.
Muito obrigada ao público que está doando.
Link da vaquinha: https://t.co/0UDjkw1XfE pic.twitter.com/7W782Ro2PW
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli17) 9 de janeiro de 2019
O deputado disse que vai consultar os advogados para verificar se a insinuação da deputada sobre “exame toxicológico” constitui um novo crime. "Nesse caso, iniciaremos um novo processo contra ela. Essa turma vai ter que entender que calúnia, injúria e difamação ainda são crimes no Brasil. Sempre que eu for difamado, vou acionar a Justiça, porque eu sou uma pessoa honesta e não abro mão da minha reputação. Ela já foi condenada uma vez. Pode ter duas, três, todas as condenações que ela desejar. Vai ter que fazer muita vaquinha online", ironiza.
Ela diz que não insinuou nada, mas desafiou o parlamentar a provar que não usa drogas. " O Jean Wyllys, o Aécio Neves, o ex-senador Lindbergh Farias e outros deputados são questionadas muitas vezes por serem usuários de drogas. Quem fala não sou eu, é o público. Então, eu os desafiei justamente para eles não serem caluniados", disse Zambelli.
A parlamentar disse que a vaquinha foi criada porque nem ela, nem a associação têm dinheiro para pagar a indenização. Ela sustenta que não tem responsabilidade sobre a postagem. "Foi um voluntário na página do Nas Ruas. Cerca de uma hora depois, eu pedi para retirar o banner que fazia menção à questão da pedofilia do ar", argumenta.
O deputado lembra que liderou uma CPI, em 2012, contra a exploração sexual de crianças e adolescentes que ajudou a prender pedófilos. "Desde o início do meu primeiro mandato, a turma do ódio tenta associar meu nome à pedofilia, um crime horrendo. Eu liderei uma CPI contra! Não vou permitir que esses criminosos continuem me acusando de defender a pedofilia", disse.
Jean Wyllys condenou a provocação feita pela parlamentar no Twitter, na qual desafia o deputado a doar o valor da indenização e fazer um exame toxicológico, além de provocá-lo. "Fazer uma coisa dessas ( associação à pedofilia) para difamar alguém é tão imoral e nojento que a deputada deveria ter vergonha na cara e pedir publicamente perdão, em vez de continuar fazendo gracinha com algo que não é engraçado", acrescenta.
Carla Zambelli (PSL-SP) diz ainda que o processo correu 'à revelia', sem que ela pudesse defender-se adequadamente. " Eu só soube , quando já estava em ordem de execução, quando foi bloqueada na nossa conta uma quantia de 200 reais, se não me engano. O aviso de recebimento foi recusado e mesmo assim correu à revelia o processo.Tentamos nos defender e a juíza não aceitou os nossos argumentos. Foi uma condenação em tempo recorde, o que me deixa muito feliz com o Judiciário", declara.
Alexandre Frota foi condenado pelo mesmo motivo
Em dezembro, o deputado federal eleito Alexandre Frota (PSL-SP) também foi condenado por difamação e injúria ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) pelo mesmo motivo. A 2ª Vara Federal de Osasco, na Grande São Paulo, incialmente, condenou o ator à pena de 2 anos e 26 dias de detenção, no regime inicial aberto, mais pagamento de 620 dias-multa, no valor de meio salário mínimo cada, por difamação e injúria ao deputado federal Jean Wyllys.
No entanto, a pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços à comunidade e limitação de fins de semana. Cabe recurso.
O deputado diz que vai continuar acionando a Justiça para defender-se dos crimes de difamação e injúria. " Já inventaram projeto de lei para mudar a Bíblia, para legalizar o casamento de adultos com crianças, para instaurar o ensino da religião islâmica nas escolas, para obrigar as crianças a mudar de sexo e outras estupidezes do tipo. Já disseram que eu dirigi um filme sobre Jesus Cristo e até que recebi dinheiro da lei Rouanet", exemplifica.
O parlamentar atribui os ataques à homofobia e conta que as mentiras incitam a violência contra ele, que conta que recebe ameaça de morte e precisa andar com carro blindado. "São mentiras estúpidas, mas milhares de pessoas acreditam, porque precisam de uma desculpa para justificar por que me odeiam, quando na verdade me odeiam por ser gay. Essa gente usa o preconceito homofóbico que existe na sociedade, como fizeram para instalar as mentiras do “kit gay” e da “ideologia de gênero”, duas coisas que simplesmente não existem. Tudo isso incentiva o ódio e produz violência", afirma. Ele acrescenta que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou ao governo brasileiro proteção para ele e sua família.