Militares mantêm missão ambiental até abril - Evaristo Sá/AFP
Militares mantêm missão ambiental até abrilEvaristo Sá/AFP
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O governo federal prorrogou por mais 30 dias o prazo do emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia Legal em ações de apoio ao combate de incêndio. A decisão foi publicada ontem à tarde, em edição extra do Diário Oficial da União. O presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que estende o prazo de permanência das tropas na região até 24 de outubro. Os militares estão no local desde 23 de agosto. O prazo de permanência terminaria na próxima terça-feira, de acordo com o decreto original.

O governo federal admite a possibilidade de manter os militares na Amazônia até novembro, quando termina a temporada mais seca na região. O emprego das Forças Armadas está previsto nas áreas de fronteira, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação ambiental e outras áreas da Amazônia Legal, que inclui os sete estados da Região Norte, o oeste do Maranhão e o norte do Mato Grosso.

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) validou o acordo para o uso do fundo de cerca de R$ 2,6 bilhões da Petrobras. Metade do valor será direcionada para ações na Amazônia. Na última semana, enquanto ocupava o cargo de presidente em exercício, Hamilton Mourão informou que o envio das Forças Armadas na região custava R$ 1,5 milhão por dia aos cofres da União.

PLANO PARA POVOAR REGIÃO

Em meio a um cenário de crise diplomática desencadeada pelo aumento do desmatamento, uma reportagem publicada ontem de manhã pelo portal The Intercept revelou que o governo Bolsonaro elabora um plano para povoar a Amazônia contra chineses, ONGs e Igreja Católica desde fevereiro. Com base em documentos e áudios inéditos, o site revela uma estratégia que prevê a destruição da floresta para explorar riquezas, extrair minério, facilitar a intervenção de grandes corporações, fazer obras e ocupar terrenos cultiváveis.

A ideia do governo, revela o site, visa o incentivo a grandes empreendimentos que atraiam a população não indígena de outras partes do país para se estabelecer na região e aumentar a participação da região norte no PIB do país. Na época, Gustavo Bebbiano, então secretário-geral da Presidência, iria à Tiriós, no Pará, em uma comitiva com os ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Damares Alves, dos Direitos Humanos, para se reunir com entidades locais, aponta a reportagem.

"Tem que aumentar a renda, a contribuição da Amazônia para o PIB do Brasil, que hoje não passa de 5,4% numa região riquíssima. Nós temos que chegar a 50%, pelo menos, para equilibrar o restante do país", disse, em uma das gravações, um homem que aparenta falar em nome do governo Bolsonaro.

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