Abraham Weintraub é investigado por fake news e racismo - Divulgação
Abraham Weintraub é investigado por fake news e racismoDivulgação
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Para conseguir barrar um provável pedido de impeachment e aprovar medidas provisórias, o presidente Jair Bolsonaro recorreu à velha política do "toma lá, dá cá" e entregou ao PL a diretoria de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao PL. Vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o FNDE tem um orçamento de R$ 54 bilhões neste ano, quase 40% do total do orçamento do ministério. O nomeado, Garigham Amarante Pinto, é assessor do PL, e homem de confiança do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado no mensalão. A nomeação foi publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU).

Foi por meio dessa diretoria que a pasta contratou uma empresa para fornecer kits escolares a estudantes que, segundo o Ministério Público, está envolvida em um esquema que desviou R$ 134,2 milhões de dinheiro público da saúde e da educação na Paraíba. No ano passado, o órgão foi alvo de uma disputa entre o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Um indicado pelo deputado, Rodrigo Sérgio Dias, foi exonerado da presidência do fundo em dezembro.

DISTRIBUIÇÃO DE CARGOS

Sob pressão de aliados e após sofrer sucessivas derrotas políticas, Bolsonaro passou nas últimas semanas a distribuir cargos aos partidos do Centrão, em troca de votos no Congresso, ressuscitando o "toma lá, dá cá". No casamento de papel passado, Progressistas e Republicanos já foram contemplados.

A primeira legenda, presidida pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), alvo da Lava Jato, conseguiu emplacar um nome no comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), autarquia com orçamento de R$ 1 bilhão neste ano. Os Republicanos, que tem o deputado Marcos Pereira (SP) à frente - também alvo da Lava Jato -, ficou com a secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Segundo líderes do Centrão, mais nomeações de pessoas ligadas aos partidos estão previstas para os próximos dias. Ao menos nove órgãos, departamentos e empresas públicas surgem nas conversas de integrantes do grupo, que ainda tem Solidariedade, PSD e PTB.

O governo passou a negociar com o Centrão em troca de apoio diante da escalada da crise política, acentuada pela demissão do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. As acusações feitas pelo ex-juiz levaram a oposição a falar em CPIs e processo de impeachment contra Bolsonaro. Até então despreocupado com a manutenção de uma base sólida no Congresso Nacional, o presidente passou a recorrer ao Centrão em busca de "blindagem".

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